Curta “Ian” – A Lei de Evolução do Ser Humano

Somos os mais fortes, por isso chegamos até aqui. Vencemos milhões de anos de evolução da Vida na Terra, para hoje nos orgulharmos de grandes feitos como a medicina, a filosofia e o conhecimento de nossa história. Isso coloca a nós, seres humanos, na condição de espécie viva mais avançada de que se tem notícia. Todos os seres, humanos ou não, têm que passar pelo mesmo funil da evolução, onde os mais saudáveis, mais aptos para as tarefas difíceis, em melhores condições de competição na natureza selvagem, são os únicos que conseguem seguir em frente. O problema é que nós, Humanos, nos esquecemos frequentemente que estamos muito além desta “lei da selva”.

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Costumamos associar o que é “natural” com aquilo que é bom e desejável. Por exemplo, enquanto um remédio sintético pode guardar efeitos colaterais perigosos, os que usam compostos que podem ser encontrados na natureza, mesmo que em sua forma bruta, tendem a ser mais puros e mais seguros. Pelo menos, é o que se acredita, e é provável que isso seja verdade. A sobrevivência do mais forte (ou do mais adaptado), como foi muito bem observada por Charles Darwin no século XIX é uma lei que funciona muito bem para os animais, as bactérias, os vegetais e os fungos. Não nos damos conta, entretanto, que temos pela primeira vez a oportunidade de fazer algo diferente, que sirva melhor à Natureza. Algo que sozinha, dentro da “lei da selva”, sem a intervenção Humana, ela não poderia reproduzir: a sobrevivência do mais fraco.

Se uma alcatéia abandona um lobo doente, o faz por instinto, para salvar o resto do grupo. Se uma zebra mais fraca é deixada para trás, enquanto as fortes fogem dos predadores, isso também é instintivo e bom para as zebras como um todo, pois os genes daquele animal mais fraco, poderia enfraquecer a descendência, tornando o grupo mais fraco. Talvez, um dia nós também tenhamos sido assim. Mas hoje, nós temos a oportunidade de resgatar a todos, para que sigamos juntos.

O vídeo “Ian” mostra um garoto com mobilidade reduzida, que se vê impedido de brincar livremente com outras crianças, que correm para lá e para cá num parquinho à sua frente. Tudo que os separa é uma grade de metal, apenas. O garoto, sentado em uma cadeira de rodas empurrada pela mãe, sonha em fazer parte daquela festa, mas, por mais criativa que seja sua imaginação, ele sempre é sugado de volta à dura realidade, e lembra que não pode se juntar a elas. Assim como um animal que não consegue acompanhar seu bando, o garoto se entristece, e apenas observa de longe, sonhando em como seria ficar de pé, e brincar. O vídeo, no entanto, nos mostra que é possível fazer diferente. É possível entender e integrar o diferente.

Sonhamos o tempo todo. Dormindo, acordados, de qualquer jeito. Imaginamos tudo que gostaríamos de ter ou ser. E pensar nisso nos dá prazer, nós nos sentimos bem. Quando queremos algo que está ao nosso alcance, temos grande chance de sentir novamente o mesmo bem estar ao conquistar esse algo, o que quer que seja. Mas, o maior de nossos problemas é quando sonhamos com algo que está muito além do nosso alcance, ou é simplesmente impossível de se conseguir.

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Podemos sonhar com algo que não podemos ter, aliás, é o que geralmente acontece. Mas, para nós, nada restaria além do sofrimento, pois querer algo que não pode se realizar, é uma história cujo único desfecho é a dor. O garoto do vídeo sonha de maneira tão firme que poderia estar de pé e fazer tudo que os demais faziam, que toda vez que era puxado de volta pra realidade, sofria. Nenhum de nós poderia condenar uma criança, que ainda está conhecendo o mundo, por sonhar dessa forma. Talvez, não podemos julgar nem mesmo os adultos, que já experimentaram essa frustração com maior frequência. Nos sentirmos assim é bem natural.

Se, há milhares de anos, caçávamos tudo o que se movesse para ter do que se alimentar por alguns dias, hoje dominamos a cadeia alimentar de maneira que não precisamos mais adotar os mesmos métodos. Não precisamos colocar animais em sofrimento, por exemplo, com formas de abate mais humanizadas, ou até mesmo pela via do vegetarianismo. Podemos, assim, auxiliar a Natureza no seu projeto de promover a Vida, e não apenas nos limitar ao comportamento animal. Temos a chance de assumir o papel de jardineiros dessa linda flora, de tratadores dessa maravilhosa fauna, e de amigos de toda a Humanidade.

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O filme nos mostra que, ao invés de continuar sonhando em ser igual àquelas crianças, o garoto pode muito bem ser acolhido por elas, de acordo com suas limitações, sejam elas quais forem. A discriminação que nos separa, seja por raça, credo, deficiência, ou qualquer outra coisa, não nos ensina, não nos faz bem, não serve à Humanidade, tampouco à Natureza. Inclusão, por outro lado, não significa fechar os olhos para as diferenças, mas sim enxergá-las, e ver que através delas, existem Almas como a nossa.

Trazer para perto alguém com maiores limitações do que as nossas, como se vê no vídeo, é sim muito melhor do que excluir. A exclusão nunca será a resposta para a questão da Felicidade. Mas, irmos até quem precisa, é um verdadeiro ato de Generosidade. Diferente de simplesmente dar aos outros o que nos sobra, Generosidade tem a ver com gerar para dar, ou seja, construir algo que não se tem, para que o outro possa desfrutar. Isso faz parte da inclusão, isso faz parte da Vida. Incluir é ir até quem necessita, e não apenas permitir que se aproximem de nós e nos assistam.

Como ensinado por inúmeras tradições filosóficas do passado, tudo o que nos separa é ilusão. As fronteiras entre os países são linhas políticas criadas por nós mesmos para nos afastar. Nos dividimos artificialmente pelo tom de pele, mas, se olharmos entre os membros de nossa família veremos que, mesmo sutilmente, nenhum de nós tem exatamente a mesma cor. A “religião” que nos separa não é aquela que foi professada pelos mestres. Todos eles diziam que devemos Amar ao Próximo, fazer o Bem, e talvez nós é que tenhamos confundido um pouco a mensagem ao longo dos séculos.

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Façamos o que a Natureza nos permite, que é preservar a Vida, a Harmonia e o Bem. Para os outros seres, isso se restringe geralmente a proteger a própria vida e dos seus descendentes, é a lógica da sobrevivência. Porém, nós como Seres Humanos, podemos fazer muito mais do que simplesmente sobreviver, podemos ter uma Vida, com V maiúsculo, que não tem a ver somente com fatores biológicos que mantém o corpo funcionando, mas principalmente com Virtudes que mantém a nossa Alma desperta. Então, transformemos a evolução biológica numa evolução Humana, para permitir que todos, independente das suas limitações, possam desfrutar da Natureza e da possibilidade de ser Feliz.

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