São Longuinho e os Três Pulinhos: Superstição ou Devoção?

São Longuinho

No dia 15 de março comemora-se o dia do São Longuinho, o santo dos objetos perdidos. Quem nunca perdeu algo e pediu a sua ajuda que atire a primeira pedra! Geralmente a nossa relação com esse santo é muito pontual, ao menos aqui no Brasil. Tendo em vista que quando perdemos algo, procuramos e não o achamos, pedimos para que o São Longuinho o encontre e, depois de encontrado o objeto, o agradecemos com três pulinhos e uma oração final.

Dentre as várias histórias a respeito da origem desse santo duas se sobressaltam sobre as demais: uma está relacionada à sua participação na morte de Jesus e, consequentemente, sua conversão como cristão; já a outra, vai estar ligada diretamente à sua condição de maior autoridade na busca dos objetos achados e perdidos. São Longuinho é um dos santos mais populares em nosso país, apesar de ainda sabermos tão pouco sobre a sua história de vida. A verdade é que entre superstições e fé não há quem não o procure para solucionar algo difícil.

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No rol dos santos ele é um dos poucos que são citados em evangelhos diferentes. Ele aparece, por exemplo, nas passagens de São Mateus 27,54, São Lucas 23,47 e São Marcos 15,39, dado a sua importante participação no momento da crucificação de Jesus. Segundo a Bíblia, ele foi um dos um dos soldados que o acompanhou no castigo e na morte.

Acredita-se ainda que São Longuinho foi quem teria perfurado Jesus com uma lança e, ao ser tocado pelo seu sangue, foi o primeiro que o reconheceu como o “Verdadeiro Filho de Deus” após a sua morte. Esse fato mudaria a sua vida para sempre. A partir desse momento, o soldado romano se converteu à fé cristã e viveu sob os princípios cristãos até o dia de sua morte.

Conta-se que antes de sua canonização, Longinus, como era conhecido, foi um renomado soldado que servia a alta corte do Império Romano. Como tinha uma baixa estatura em relação aos demais soldados, ele conseguia ver tudo o que se passava por baixo das mesas e cadeiras, tendo a facilidade de encontrar os pertences caídos no chão ou perdidos das pessoas. Como Longinus tinha o costume não só de encontrar o objeto, mas de devolver aos seus respectivos donos, adquiriu-se um hábito social, à época, de que quando se perdia algo Longinus encontraria. Essa sua habilidade de soldado foi incorporada à sua vida canônica como o santo dos achados e perdidos.

De acordo com a tradição, em forma de agradecimento pelo objeto encontrado eram ofertados uma oração ou três pulinhos para o santo. Mas de onde vem os três pulinhos que damos como agradecimento ao São Longuinho? Alguns estudos defendem a tese de que São Longuinho era manco e os três pulinhos serviam para homenageá-lo. Entretanto, há também teorias que explicam que o ato remete-se à Santíssima Trindade. De uma forma ou de outra, todos nós temos ótimas memórias afetivas sobre os nossos pulinhos e a intercessão do São Longuinho quanto aos nossos pertences.

Para além das curiosidades e histórias, o que podemos aprender com esse santo que de torturador de Jesus passou a ser um seguidor fervoroso do cristianismo até seus últimos dias? Quais simbolismos podemos recolher para a nossa vida a partir da existência desse homem?

A trajetória da vida de São Longuinho é rica em símbolos e a sua mensagem ao mundo fascina aqueles que a conhecem. Algumas versões dizem que ele era cego de um dos olhos e, após ter furado o peito de Jesus com a sua lança, o sangue do Messias teria jorrado água e sangue. Longinus teria sido curado de sua cegueira quando algumas gotas da água do coração de Jesus caíram sobre os seus olhos. Após notar que estava curado, ele se converteu e deixou de ser soldado para propagar a fé em Jesus.

Após deixar de ser legionário, São Longuinho passou a usar uma túnica marrom com capuz, o que pode ser entendida como um voto de humildade e como reflexo de uma jornada espiritual, deixando de ser o soldado violento e impiedoso para ser um cristão divulgador do evangelho. As imagens de São Longuinho sempre o trazem segurando com uma das mãos um cajado e com a outra uma lamparina. O primeiro simboliza a sua fé, onde apoiou a sua jornada após conhecer Jesus, principalmente, nos momentos de perseguição que sofreu. E por fim, a lamparina simboliza o fato de ele ajudar a encontrar coisas perdidas.

Comemorar a data de São Longuinho não é importante somente pelo belíssimo testemunho de vida que ele nos apresentou. Para além disso, destaca-se sua fidelidade aos ideais que acreditou em vida: seja como soldado ou como monge, foi sempre um fiel. Essa fidelidade caminhou com ele até seus últimos suspiros. Tinha clareza da importância do exemplo, sabia que podia iluminar a vida dos demais e por isso se colocou a serviço não só para nos ajudar a encontrar objetos perdidos, mas a encontrar respostas para as nossas vidas.

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