Série “Contos Arturianos”: Introdução

Você provavelmente já ouviu falar do lendário rei Arthur, correto? E sobre a Excalibur, a famosa espada que esse grande governante empunhava? Também é possível cogitar que conhece os cavaleiros da távola redonda, não é mesmo? Todas essas histórias já chegaram até nós, seja por meio de narrativas que nossos pais nos contaram quando éramos crianças, ou por desenhos animados, séries e filmes. Entretanto, será que realmente conhecemos o significado de cada um dessas narrativas? E de onde surgiram tais histórias? Arthur, afinal, existiu ou não?

rei arthur

As indagações acerca do mito do rei Arthur são naturais, visto que até hoje não há comprovação alguma de que este lendário governante e sua cidade, Camelot, realmente tenham existido. Ainda assim, a nível cultural, o rei Arthur permanece no imaginário do Ocidente após séculos de sua popularização, dando origem a centenas de contos e histórias conhecidas como “Contos Arturianos”. 

Essas narrativas são, via de regra, histórias sobre os cavaleiros da távola redonda, o seleto grupo de guerreiros que, sob o comando de Arthur, defendiam a justiça, a honra, a nobreza e a liberdade. Eram exemplos de conduta e capazes dos maiores sacrifícios em prol da harmonia. Porém, o que podemos aprender com essas histórias? Será que o destino dessas narrativas é apenas o entretenimento? Ou, assim como em sua época, há um forte simbolismo e ideias que vibram nas páginas que contam os feitos desses guerreiros? 

Conhecendo o mito do rei Arthur

Para refletirmos sobre os contos arturianos, não podemos nos furtar de contar a história do rei Arthur. Ressaltamos que aqui contaremos apenas um breve resumo da saga do grande rei da Bretanha, mas é possível conferir em nosso portal um texto mais aprofundado sobre as ideias que permeiam esse mito. Você pode acessá-lo clicando aqui.

De maneira sintética, Arthur é filho do rei Uther, um dos principais reis da antiga Bretanha (atual Grã-Bretanha). Uther, porém, não criou o seu filho, muito menos conheceu Arthur. O que ocorre é que o velho rei não possuía herdeiros e pediu ajuda ao mago Merlin, um grande sábio e conselheiro das histórias arturianas. Merlin aceitou ajudar Uther a ter um filho para lhe suceder no trono, porém, a educação e a criação desse jovem seriam responsabilidades de Merlin e não do seu pai. Uther, mesmo a contragosto, aceitou essa proposta e assim conseguiu desposar uma princesa da corte e ter seu filho.

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Uther morreu pouco depois disso, acometido por uma enfermidade. Porém, para garantir que o trono fosse do seu filho, pede a Merlin para encantar sua espada e cravá-la em uma pedra (em algumas variações do mito é uma bigorna). Assim, somente o verdadeiro herdeiro do trono, ou seja, Arthur, seria capaz de retirá-la.

Após a morte do rei, a Bretanha fica sem governo e a nação cai em um caos: guerras civis e disputas sem fim entre os cavaleiros pelo poder, o que é natural quando uma organização perde seu líder.

Enquanto isso, o jovem Arthur é educado pelo sábio, porém, não para ser um rei, mas sim para ser bondoso, generoso, gentil, disciplinado, ordenado e fraterno. Sua educação não era a de um governante, mas de um Ser Humano. Porém, como ditavam os costumes da época, Arthur passa a ser um escudeiro, um aprendiz de cavaleiro, e entre muitas obrigações, uma delas é a de carregar as armas do seu mestre. 

Conta o mito que haveria um torneio para o mestre de Arthur participar. Logo, o escudeiro tinha a responsabilidade de levar sua lança, armadura e espada para o combate. Arthur, porém, esqueceu da principal arma do seu mestre, a sua espada. Sem saber o que fazer, o jovem viu sua solução ao encontrar uma espada presa em uma pedra, justamente a espada de Uther, a que até aquele momento ninguém havia conseguido tirar. Sem saber do seu destino, Arthur vai até a espada e a arranca facilmente, levando-a até o local do combate. Ao chegar lá, todos ficam chocados ao ver que a espada que carregava é a de Uther, e assim o jovem é alçado a ser o rei da Bretanha.

A partir desse momento o pequeno Arthur, até então um jovem de pouco mais de 16 anos, passa a governar todas as regiões da Bretanha, tendo como tarefa principal restabelecer a ordem. Para tanto, precisa de cavaleiros confiáveis, que estejam dispostos a lutar não por si e suas glórias pessoais, mas por todo o reino. Essa é a semente da távola redonda, um seleto grupo de cavaleiros que moveriam o mundo para viver em prol do ideal. Cada um deles enfrentará provações e desafios para conquistar sua meta e defender esse sagrado reino estabelecido por Arthur.

Símbolos para compreender esse mito

Devemos ter em mente que essa não é uma história qualquer, mas sim um mito. Em poucas palavras, significa que há uma série de símbolos e ideias contidas nessa narrativa e que podemos acessá-la a partir de uma compreensão deste simbolismo. Nosso papel, portanto, não é somente conhecer a história, quem foi Arthur e Merlin, mas também entender perfeitamente o que cada personagem e momento desse mito simboliza.

Não poderemos, contudo, entender todos os seus símbolos nesse singelo texto. Visto o tamanho dos contos arturianos, que é uma verdadeira trama com uma centena de personagens, seria ousadia achar que, em apenas um único texto, poderíamos abordar todos esses detalhes. Por isso, hoje nossa meta é introduzir este assunto e falar dos principais símbolos que estão contidos nessa narrativa.

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Dito isso, vamos começar pelos personagens. Uther, o grande rei que decai, é um símbolo de poder, desse governo do mundo. Ao existir, também existe a paz, a harmonia, a ordem. Porém, tudo isso precisa de manutenção, por isso sua preocupação em ter um filho. De fato, quando entendemos essa ideia, percebemos que nada continua ordenado se não seguirmos trabalhando pela ordem. Basta pensar em nossas próprias casas: após uma boa faxina, sentimos que tudo está em ordem, não é mesmo? Porém, o que ocorre logo em seguida? A casa começa a ficar suja e desordenada, caso não estejamos conscientes. Assim, a manutenção, que no mito se faz a partir da troca de sucessão, é fundamental. Quando ela não ocorre, existe o caos, justamente o que ocorre com a Bretanha com a morte de Uther.

Porém, essa manutenção precisa ser feita com sabedoria. Por isso, Merlin é o símbolo do sábio, do grande instrutor. Ele sabe que Arthur precisará de uma educação especial para se tornar o grande governante. O futuro rei é educado por Merlin, pois só a sabedoria transforma governantes em reis verdadeiramente grandes, capazes de encontrar as respostas fundamentais que guiarão seu povo. Além disso, a relação de Merlin com Arthur é muito simbólica, reflete a ideia de mestres e discípulos, na qual os mestres auxiliam seus pupilos a conhecerem o caminho da justiça, da bondade e da beleza. 

Para governar, porém, Arthur precisa retirar a espada da pedra. A espada, símbolo de poder e da vontade, revela um fator importante na vida de um(a) governante: só é possível governar a si mesmo quem adquire vontade, capacidade de atuação frente ao mundo. É a canalização dessa ideia que torna Arthur apto ao governo. Nesse sentido, assim como ele, também podemos ser reis de nós mesmos quando empenhamos nossa vontade. Agindo assim, conseguimos superar obstáculos, problemas, e desenvolver todo e qualquer tipo de habilidade.

Série “Contos Arturianos”, mais uma série Feedobem

Como podemos perceber, há nas histórias do rei Arthur uma magia que perpassa os séculos, e seus símbolos podem nos ensinar muito. Pensando nisso, nós da Feedobem começamos uma série de textos para refletirmos sobre o que esses contos têm a nos dizer e como podemos aplicar suas lições no nosso dia a dia.

Esse texto inicial é uma breve introdução, para que possamos compreender ideias gerais e como isso perpassa nossa vida. Por mais que existam há muito tempo, tais ideias não morrem, nem podem ser destruídas, e o mito de Arthur e seus cavaleiros seguem sua jornada. Será que não podemos sonhar em sermos nós mesmos parte dessa guilda de nobres cavalheiros? É isso que vamos descobrir nos próximos textos! Para acessar os outros textos clique aqui.

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