#HopeCore e Beleza Interior: A Revolução do Autoconhecimento nas Redes Sociais

Nos últimos anos, as redes sociais deixaram de ser apenas um espaço para compartilhamento de fotos e vídeos e se tornaram um espelho coletivo. Em meio a tantas tendências, uma nova estética ganhou força: o #HopeCore, movimento que resgata o autoconhecimento, a beleza interior e uma conexão mais serena com a vida real.

Mais do que um estilo visual, o #HopeCore é uma maneira de se reconectar consigo, algo tão raro nos dias atuais. Sua pauta principal, para além das formas que inundam as redes, está na busca pela beleza interior e em apresentar aspectos positivos da vida. Para alguns, a ideia pode soar um tanto quanto piegas, porém, se refletirmos sobre o que assistimos na internet, nos noticiários e diferentes veículos de comunicação, chegaremos rapidamente a conclusão de que, em geral, o conteúdo que nos atinge tem uma conotação majoritariamente negativa.

Pessoa contemplando a natureza com luz suave e tom nostálgico
Conexão interior no cotidiano: essência do #HopeCore

Assim, esse movimento busca resgatar um olhar de esperança, calma e beleza sobre si mesmo e o mundo. Tais conceitos, embora simples, têm se perdido no nosso cotidiano e na massificação das formas que vivemos atualmente.

Para refletirmos sobre isso, porém, é preciso saber o que é beleza interior? E como ela se conecta ao autoconhecimento e ao autocuidado? Ainda nos resta saber como isso de fato é uma tendência na nova geração e a importância de não perdemos esses conceitos tão importantes de vista.

O que é o Movimento #HopeCore e por que ele viralizou nas redes

Primeiramente, vamos refletir sobre o movimento #HopeCore. O termo ganhou força principalmente no TikTok, entre vídeos com paisagens suaves, músicas calmas e frases que transbordam leveza. Diferentemente do ritmo natural dos vídeos curtos, geralmente marcados pela agitação e excesso de estímulos, o #HopeCore nasceu como uma resposta a tudo isso, sendo uma tentativa de reencontrar o belo nas pequenas coisas.

Nos vídeos, vemos raios de sol atravessando janelas, pessoas abraçando amigos, ou simplesmente alguém escrevendo no diário com uma xícara de café ao lado. Nada grandioso, nada épico ou com um impacto violento na pisque. Nada espetacular, apenas momentos cotidianos que podem ser vividos por qualquer pessoa, na maior parte dos lugares. Esse movimento nos ajuda a lembrar das pequenas atitudes do dia a dia que, mesmo sem percebermos, mudam a nossa perspectiva de mundo. É o abraço sincero em um amigo, a risada dos filhos antes do café da manhã ou mesmo o pequeno ritual de tomar uma xícara de café antes de sair de casa. 

Cena de abraço entre amigos com luz do entardecer HopeCore
Pequenos gestos de afeto revelam a beleza real da vida

Nesse sentido, o #HopeCore nada mais é do que um movimento que nos convida a contemplar. Essa palavra significa “estar no templo”, que é encontrar esse momento de consciência elevada, que pode ocorrer olhando uma paisagem, uma pintura ou simplesmente aproveitando o momento que está vivendo. Ao retomar a consciência para o momento presente já estamos o contemplando. Isso nos tira do automatismo e da necessidade de movimento, algo extremamente estimulado em nossa vida moderna.

Essa nova moda expressa o desejo de uma geração de se sentir viva novamente. É importante ressaltar que “sentir-se vivo” não é uma expressão vazia, e remete ao ato de colocar energia e consciência nas pequenas atividades, aquelas que realizamos cada vez mais automaticamente. Nesse sentido, o #HopeCore rejeita a perfeição artificial produzida nas redes e escolhe a autenticidade como forma de beleza, pois está dentro do nosso mundo real e pode ser apreciada sempre por aqueles que têm olhos para enxergá-la.

Beleza Interior: muito além dos filtros e da aparência

Um antigo pensador afirmou uma vez que a beleza importa. Sim, a beleza não é relativa e não está nos olhos de quem vê apenas, mas participa como um dos arquétipos da natureza. Para os filósofos antigos, por exemplo, a beleza estava diretamente ligada à harmonia e, por isso, era quase uma lei da natureza. Ela, por ser sempre harmônica dentro de suas formas, preenchia o cosmos com beleza e o ideal humano era poder reconhecer o belo tanto na natureza como em si mesmo.

Assim, do mesmo modo que um pôr do sol, um cardume de peixes e um girassol são expressões de beleza por expressar sua harmonia de acordo com as leis naturais, o ser humano deveria também ser belo, mas não apenas fisicamente – essa era, na verdade, a mais superficial e descartável das formas da beleza –, mas principalmente dentro de si, cultivando bons pensamentos, sentimentos e ações. Nesse sentido, a beleza interior é um conceito antigo, que perpassa os milênios, mas nos parece que nunca foi tão necessária quanto agora. Nas redes sociais, aprendemos a medir o valor de nossas ações em curtidas, porém, a verdadeira beleza não depende do algoritmo. Por que não tentamos vivê-la?

Montagem com elementos naturais em harmonia
A beleza natural como metáfora da harmonia interior

Vamos entender como podemos viver essa ideia. Em linhas gerais, podemos revelar nossa beleza interior quando tornamos harmônico o nosso pensamento, nossos sentimentos e nossas ações, todas essas ligadas a ideia do Bem, ou seja, tudo aquilo que gera Unidade, dentro e fora de nós. É construir uma forma de vida que reflita seus valores, e isso naturalmente nos chama a atenção. Basta pensarmos em pessoas que praticam o bem, a generosidade, a caridade, a disciplina. Olhamos tais atitudes e admiramos essas pessoas. Isso ocorre porque a beleza interna, aquela que vem das suas virtudes, foram expressas no mundo.

Frente a isso, expressamos essa beleza quando abrimos um sorriso porque estamos em paz, não porque precisamos parecer felizes. A beleza interior fala muito mais sobre a autenticidade e a capacidade de demonstrar o melhor de nós mesmos do que performance, algo tão perseguido nos dias atuais. Não queremos aparentar ser, mas simplesmente ser como pudermos.

É importante demarcar tais questões, pois as redes transformaram, infelizmente, a beleza em espetáculo. Achamos apenas a harmonia nas fotos, nos vídeos e naquilo que está fora de nós, muitas vezes de maneira extremamente artificial, quando, no fundo, deveríamos perseguir esse aspecto interno, que, tal como uma flor, pode desabrochar e revelar sua natureza perante o mundo. Assim, deveríamos nos preocupar menos com os filtros de beleza que suavizam imperfeições, que apagam a naturalidade da nossa aparência. A nova geração já está crescendo sob a influência desse mundo artificial, uma vez que as pessoas que fazem parte dela nasceram dentro dessa dinâmica de mundo. 

É por isso que o #HopeCore é tão importante e deve permanecer na “moda” das redes sociais por muito tempo, afinal, ser autêntico em um mundo de máscaras é um ato revolucionário. É justamente no cultivo dessa forma autêntica, que apenas revela o que há dentro de nós, que a beleza interior pode nascer. É quando deixamos cair a máscara do “tudo bem” e permitimos que o outro nos veja como realmente estamos: imperfeitos, humanos, vivos. A beleza que não se vê está nas atitudes: no modo como você escuta um amigo, no respeito que tem pelo seu próprio tempo, na forma como decide se cuidar mesmo quando ninguém está vendo.

Autoconhecimento: o espelho que reflete quem somos de verdade

Falar de beleza interior é, inevitavelmente, falar de autoconhecimento. Não há como expressar aquilo que não se conhece, portanto, o primeiro passo para buscar viver o #HopeCore é conhecer a si mesmo, um conselho tão antigo quanto a própria humanidade. Normalmente, esse processo é intenso, pois o mundo exige cada vez mais celeridade; e na direção contrária, conhecer-se leva muito tempo. Assim, essa busca pelo autoconhecimento te ajuda a perceber quando algo está errado, quando você está se afastando de quem é, ou quando está apenas vivendo para agradar.

O autoconhecimento só floresce quando paramos de fugir da dor e aprendemos a acolhê-la. Assim, reconhecer as próprias imperfeições é o primeiro passo para se amar de forma genuína. Esse processo passa por, consequentemente, aceitar, mesmo no mundo virtual, que existirão falhas e imperfeições. Quando nos aceitamos como somos, com todos os nossos altos e baixos, a beleza interior se torna inevitável, pois ela está alinhada com a verdade.

Uma vez que buscamos nos conhecer, o segundo passo é tratar de cuidar de si mesmo. Cuidar não significa apenas melhorar nosso aspecto físico, mas também saber curar as feridas emocionais que foram abertas ao longo do tempo. Muitos associam autocuidado apenas a ao skincare ou a banhos longos, mas o autocuidado verdadeiro começa dentro de cada um de nós. É quando você aprende a respeitar seus limites, a dizer “não” quando precisa e descansar, ou saber comprometer-se com responsabilidade para não viver picos de adrenalina e sofrer quando esse efeito passa. É sobre cuidar da mente com o mesmo carinho que você dedica ao corpo.

Devemos lembrar que a beleza interior se alimenta de equilíbrio emocional.  Sem ele, o cansaço vira um peso insustentável e a leveza do ser se torna, de fato, algo impossível. Portanto, não existe autoconhecimento sem autocuidado, pois é a partir do desafio diário de melhorar a si mesmo que podemos alcançar essa santa serenidade, próprio de quem reconhece suas virtudes e defeitos e sabe de qual lado deve estar.

o #HopeCore como movimento geracional

Visto isso, o #HopeCore não é apenas uma nova moda dos jovens, mas pode ser visto como uma manifestação de uma geração cansada de viver fingindo diante das câmeras. Depois de anos mergulhados em comparações e busca por validação, os jovens começaram a perseguir algo diferente: pertencimento e propósito de vida. Esse movimento surge como uma resposta emocional à fadiga digital que assola milhões de pessoas, não apenas em nosso país, mas em todo o globo. 

Jovens reunidos em um piquenique em clima descontraído
Nova geração valoriza autenticidade e conexão real

Mais do que uma tendência estética, o #HopeCore pode se tornar uma filosofia de vida. Ele diz: “Tudo bem desacelerar. Tudo bem não estar no auge. Tudo bem só existir por um momento. Não precisamos de muito mais do que isso.” Essa forma de encarar a vida é, para uma geração pressionada por resultados e aparências, libertador. Essa resposta ao mundo moderno, que transformou a pressa e o imediatismo em virtude, disfarçada de “diligência” e “proatividade”, tem se tornado cada dia mais necessária. O movimento convida, portanto, a se reconectar com o essencial do cotidiano e se fazer presente nos momentos simples da existência.

Por fim, o futuro da beleza não está nos filtros, mas nas histórias reais. O que vem pela frente é uma era na qual a simplicidade dos dias tranquilos será mais valorizada do que a perfeição de uma rotina artificial. O #HopeCore é o prenúncio desse futuro, uma anunciação das boas novas que poderemos desfrutar, pois a roda da História sempre continua a girar. Assim, no futuro, certamente viveremos uma busca por refletir exteriormente aquilo que está dentro de nós, nossa natureza demasiadamente humana.

A beleza da próxima geração será aquela que abraça as imperfeições e, nesse sentido, o #HopeCore não é uma moda passageira, muito menos o desleixo de uma geração cansada, mas uma possível revolução cultural que deixará suas pegadas no mundo.

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