Filme “De Volta Para o Futuro”: Entre o Passado e o Futuro Imaginado

Você já pensou em viajar no tempo como no clássico De Volta para o Futuro? A viagem temporal é um tema que naturalmente encanta o ser humano por sua complexidade e mistério. O tempo, via de regra, não pode ser tocado ou guardado, apenas sentimos seus efeitos. Certa manhã acordamos e percebemos os fios de cabelo branco, as rugas, e assim constatamos isso: o tempo está passando. Como um eterno caminhante, ele não para e muito menos retrocede, deixando o passado para trás e avançando para o futuro.

Capa do filme De Volta para o Futuro

Como lidar com essa angústia? À medida que avançamos, sentimos que o tempo está relacionado com a morte, pois, de forma objetiva, nosso tempo “acaba” quando damos o nosso último suspiro. Por isso, temos tanta dificuldade em lidar com o tempo, pois também temos dificuldade em lidar com a morte.

Frente a isso, desde sempre a arte flertou com a questão do tempo. O cinema, em específico, construiu um belo filme que nos faz pensar sobre como seria o futuro e que, não por acaso, se tornou um grande sucesso de bilheteria. Estamos falando de  “De volta para o futuro”, filme lançado em 1985 e que, além de ser um dos filmes mais icônicos da sua geração, é também uma obra que nos leva a questionar o tempo, seus paradoxos e o desejo humano de mudar a história. 

Dirigido por Robert Zemeckis e produzido por Steven Spielberg, o longa-metragem nos faz acompanhar a vida de Marty McFly, um adolescente comum que, acidentalmente, viaja para o passado utilizando um DeLorean modificado pelo cientista Dr. Emmett Brown. Ao chegar em 1955, Marty interfere no primeiro encontro de seus pais, ameaçando sua própria existência e tendo que consertar a linha do tempo antes que seja tarde demais.

O sucesso atemporal de “De volta para o futuro”

O que fez esse filme ser um grande sucesso? É importante pensarmos sobre isso, pois não é somente o Marketing que atrai o público ou faz um filme vigorar como um clássico do cinema. O que o torna um grande filme é que, acima de tudo, faz com que o espectador pense sobre como pode mudar o passado e como será o futuro.

Junto a isso, é inegável que as ideias originais do filme ajudam a criar uma imagem viva do longa, se tornando marcante para quem o assiste. A ideia de um carro como máquina do tempo, por exemplo, e as previsões tecnológicas para o futuro fazem com que o público embarque em uma verdadeira viagem no tempo, pensando nas possibilidades e consequências que podem acontecer caso fosse possível se transladar por essa dimensão.

De volta para o futuro delorean
DeLorean DMC-12

Sejamos francos: quem nunca sonhou em entrar em um DeLorean e acelerar a 88 milhas por hora para atravessar as fronteiras do tempo? Não por acaso, essa se tornou uma das cenas mais famosas da história do cinema e inspirou gerações de outros filmes com a mesma temática. Diante de todo esse sucesso, a pauta sobre viagem no tempo e seus paradoxos voltaram a ser debatidos junto com o filme. Será que seria possível mudar a história? Vamos conhecer algumas das consequências que poderiam surgir se fizéssemos isso.

Paradoxos sobre a viagem no tempo

A trama do filme nos apresenta diversos paradoxos temporais, sendo um dos mais famosos o paradoxo do avô: se uma pessoa viajasse ao passado e impedisse seus pais de se conhecerem, ela jamais nasceria para voltar ao passado e causar essa interferência. Logo, isso seria impossível, correto? Para alguns, esse paradoxo é infalível, há, entretanto, quem entenda que no futuro você nasceria de outros pais, em outra realidade, criando assim universos paralelos com diferentes futuros possíveis.

Para ficar claro, basta pensarmos da seguinte maneira: imagine que você está caminhando por uma estrada chamada tempo. A todo momento, você deverá decidir por onde continuar, tendo essa estrada diferentes bifurcações e caminhos. Todos levarão para o mesmo ponto final, mas por meio de caminhos distintos. Cada escolha que fazemos nos coloca nesses novos trajetos. Assim, mudar o passado seria apenas pegar um outro caminho, com outras possibilidades e escolhas. 

Frente a essa perspectiva, o filme mostra que ao modificar o passado, Marty cria uma nova realidade, em que sua família tem uma vida melhor. Isso levanta questões sobre a maleabilidade do tempo e se, de fato, ele pode ser reescrito. Será que as decisões que tomamos hoje poderiam ter um impacto muito maior do que imaginamos no futuro? 

Esse é outro questionamento que naturalmente fazemos. Por vezes, nos pegamos com o seguinte pensamento: “Como seria a minha vida se eu tivesse aceitado aquele emprego?”, ou “E se eu tivesse me mudado?” Podemos colocar outras tantas perguntas desse mesmo tipo. Tendemos a projetar um futuro que não existe de maneira um tanto quanto utópica, afinal, nunca vivemos as desilusões de uma vida que não escolhemos. 

A cena do filme De Volta Para o Futuro em que Marty McFly está quase deixando de existir por ter quase interrompido o processo em que seus pais se apaixonavam.
A cena do filme De Volta Para o Futuro em que Marty McFly está quase deixando de existir por ter quase interrompido o processo em que seus pais se apaixonavam.

Além disso, vale ressaltar que na história não cabe a partícula “se”, pois essas conjecturas são imensuráveis. Não podemos saber, portanto, o impacto real de nossas decisões no futuro, mas podemos perceber somente o peso de nossas escolhas a partir da reação que elas causam. É por conta disso que “De volta para o futuro” fez – e ainda faz – um grande sucesso: ele dá asas à nossa imaginação e flerta, num exercício psicológico, com as possibilidades de um futuro que não existirá.

Desejamos viajar no tempo?

Ao assistir o filme, é inevitável o pensamento sobre viagem no tempo. Será que, caso fosse possível, iríamos desejar viajar no tempo? Quem nunca quis voltar no tempo para corrigir erros ou avançar para o futuro e descobrir o que está por vir? Vale ressaltar que mexer no tempo pode ter consequências imprevisíveis. Se alterássemos algo em nosso passado, ainda seríamos as mesmas pessoas? A história mostra que nossas experiências moldam quem somos, e remover certos eventos pode mudar todo o curso da nossa vida. 

Pessoa olhando fotos antigas e planejando o futuro em um caderno
Memória e imaginação como formas de viajar no tempo

Logo, para que uma viagem no tempo fosse possível, deveriam existir algumas condições como “não poder modificar nenhum evento” ou ser apenas um mero espectador. Ainda assim, só o fato de observarmos, como apontam experimentos da física quântica, já possui efeitos que alteram a realidade. Nesse sentido, a viagem no tempo é uma faca de dois gumes na qual não vale a pena apostar.

Diante disso, devemos entender que o tempo é um dos maiores mistérios da existência. Ele flui linearmente para nós, mas será que funciona da mesma forma no universo? Físicos teóricos, como Albert Einstein, sugeriram – e comprovaram –  que o tempo é relativo e que sua percepção pode mudar dependendo da velocidade e da gravidade. A nível psicológico, também podemos entender a relatividade do tempo quando realizamos tarefas ou estamos em um ambiente que nos dá a impressão que o tempo parou, tamanha sua lentidão. Em outras ocasiões, porém, o tempo passa de maneira tal que perdemos as horas. 

Ampliando essa percepção e a levando para a viagem no tempo, é difícil colocar em palavras como poderia existir uma máquina capaz de nos transportar para o passado ou o futuro, uma vez que não entendemos bem como o tempo funciona. 

No fim das contas, talvez não precisemos de um DeLorean para viajar no tempo, muito menos lutar para modificar o passado e sonhar com futuros tão distintos. Basta pensarmos em cada memória que guardamos e cada sonho que projetamos, lá estará nosso passado e nosso futuro. Poderemos voltar às memórias sempre que necessário, apenas como espectador, sem modificá-las, só lembrando daquilo que já vivemos. E quanto à imaginação, podemos projetar nosso futuro e construí-lo, passo a passo, dia a dia. 

Essas duas forças já nos transportam para diferentes momentos de nossa existência. Cabe a nós agora saber usá-las de maneira sábia, sem nos prendermos à nostalgia ou cair na fantasia. Esse seja, talvez, o verdadeiro segredo de viver em paz com o passado, o presente e o futuro.

Para aprofundar ainda mais essa reflexão sobre o tempo e nossas escolhas, vale a leitura do texto “Efeito Borboleta: como lidar com o passado”, que explora como pequenas decisões podem gerar grandes impactos no futuro.

Comentários

Compartilhe com quem você quer o bem

MENU

Siga nossas redes sociais

Ouças nossa playlist enquanto navega pelo site.

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência, de acordo com a nossa Política de privacidade . Ao continuar navegando, você concorda com o uso de cookies.