Você é Honesto Consigo Mesmo?

Alguns sábios antigos diziam que, se há uma grande obra a ser realizada na vida, essa obra consiste em construir a si mesmo. Construir, e vencer, a si mesmo é, seguramente, a maior de todas as batalhas a ser travada em nossa existência. Essas lutas passam, sem dúvida, por uma dose de coragem e compromisso consigo para não só se autoconhecer e se aceitar, mas, acima de tudo, para se superar e se transformar em uma pessoa cada vez melhor. 

Pessoa olhando para um espelho, refletindo sobre si mesma.
Reflexão sobre autoconhecimento.

Entretanto, como fazer isso? Primeiro, é preciso entender que o campo de batalha que nos compete está dentro e não fora. Segundo, é preciso conhecer e dar nomes aos nossos inimigos internos. Podemos citar como exemplos os nossos medos, inseguranças, as nossas fantasias, pensamentos negativos, ou mesmo, os nossos orgulhos e vaidades. Por fim, no terceiro ponto é importante que fique claro que os nossos oponentes internos, mesmo que sejam invisíveis, exercem um grande poder sobre as nossas decisões e, ao longo da vida, quase sempre, nos arrastam para as severas consequências dos seus impactos.

Assim, estejamos conscientes ou não, temos uma vida psíquica para além de uma vida física. Temos que lidar constantemente com pensamentos e emoções que se elaboram. Na verdade, estamos sempre um passo atrás desse movimentar da nossa vida psíquica, apenas lidamos com as consequências e com os impactos de nossas atitudes imprudentes e impensadas. O que é mais impressionante nisso tudo é que, dificilmente, paramos para refletir honestamente sobre as nossas motivações reais por trás de nossas atitudes. 

Caminho sinuoso representando desafios internos.
Os desafios do autoconhecimento.

Cabe aqui uma reflexão sobre o porquê das nossas “vistas grossas” ou a indiferença sobre essas questões internas. No fundo, não nos ensinaram a lidar com a auto responsabilidade de sermos quem somos, com todos os nossos defeitos e potenciais. Ao que parece, assumimos várias imagens sociais que introjetamos como se fossem nossas e chega uma hora que não conseguimos mais ver quem somos dentro delas. A consequência disso é a nossa propensão ao autoengano.

Areditamos que a feroz resistência que temos para lidar com as nossas questões internas têm muito mais a ver com a total ignorância que temos em relação a nossa identidade. Se não conhecemos, não dominamos, está fora de nosso radar de experiências passadas e isso nos provoca uma sensação de medo e de insegurança. E quando estamos com medo de algo, atacamos ou fugimos. Como não conhecemos os aspectos dessa vida psíquica sutil, não sabemos lidar, não temos como prever a reações e muito menos temos controle sobre ela.

Quem de nós já não sofreu com um pensamento circular que acabou por desordenar as nossas emoções e nos arrastou para tomadas de decisões impensadas? Quem de nós já não foi vítima de uma cólera, de um impulso ou de um descontrole das emoções, a tal ponto que acabamos por magoar alguém? Quem de nós, após um evento intempestivo foi capaz de reconhecer tal situação, assumiu a responsabilidade e se comprometeu em mudar a postura? Talvez, se formos sinceros, pouquíssimas serão as pessoas que poderão responder a essas perguntas com o equilíbrio e serenidade necessária daqueles que lutam diariamente pelo autodomínio.

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Mas, como vamos manejar questões sutis relacionadas a nossa psique se não a conhecemos? A verdade é que, mal nos ensinaram a manejar o nosso corpo físico e, quando se trata de questões relativas aos nossos aspectos psíquicos e afetivos, tudo nos parece distante, disforme e sem contorno. Em geral, a sociedade não nos ensinou a lidar com as frustrações, as perdas ou outras formas emocionais, seja com os nossos pais ou em nossa escola. Não aprendemos a superar os sentimentos limitantes e perceber o que nos fragiliza e causa dores.

Por isso, a busca pelo autoconhecimento é imprescindível e vital para conhecermos e dominarmos, no que nos cabe, a nossa psique. A Filosofia pode ser um caminho interessante para nos ajudar nessa busca de autoconhecimento, pois, as várias tradições humanas tentaram responder essa necessidade universal do autoconhecimento. Aprender com os nossos antepassados economiza tempo, energia e nos ajuda a avançar.

Ordem e motivação são elementos imprescindíveis para uma vida afetiva saudável, sem a posse e o desenvolvimento deles é impossível construir a nós mesmos porque se não, desistiremos no primeiro imprevisto que surgir. Por outro lado, a maturidade psíquica com a qual sonhamos só é possível a partir de uma formação baseada em valores humanos que não só eduque, mas revele os potenciais latentes que carregamos conosco. Só quem possui maturidade emocional pode se olhar no espelho e se ver por completo com todas as suas qualidades e todos seus defeitos. São indivíduos que não se perdem e se paralisam pelas fantasias de auto piedade ou pejorativas sobre si.

Pessoa meditando em um ambiente sereno.
A busca pela maturidade emocional.

Todavia, todo processo de maturidade advém de uma formação e educação dos instintos e desejos egoístas que, freneticamente, nos arrastam para a tomada de decisões entre a busca por prazeres e a fuga das dores. E, se somos guiados apenas por esses instintos, não apenas nos tornamos escravos dos nossos inimigos internos, mas transformamos a nossa psique num palco dramático e caótico onde a paz e a serenidade poderá habitar. Sem um ambiente propício e ordenado, nos tornamos passíveis das circunstâncias, passamos a reagir e não agimos frente às problemáticas que a vida traz e, por fim, vamos sendo definidos por ações imprudentes, por nossos medos e ou pelos papéis sociais e ideias que as pessoas vão nos dando.

Já está mais do que na hora de tomarmos as rédeas de nossas ações, principalmente, de nossa vida psíquica, sem cair nas armadilhas mentais. É um dever moral nosso nos conhecer e nos dominar, e vivermos segundo nossas ideias, sejam elas quais forem. O mais importante é estarmos conscientes delas, estarmos conscientes de nosso compromisso. Tal postura nos conduzirá naturalmente a uma reflexão, um diálogo contínuo interno onde as fantasias e auto piedades darão lugar ao acolhimento, à compreensão e à ação para aceitar as coisas que não podem ser mudadas, e trabalhar arduamente nas coisas que necessitam ser modificadas. Essa é a base de nossa construção interior.

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