O Mistério do Éter: O 5° elemento

Já ouviu falar do Éter? Essa é uma palavra pouco usada no nosso dia a dia, mas provavelmente você já a estudou nas aulas de química ou física. Entretanto, não estamos nos referindo à função orgânica, mas ao chamado “quinto elemento” que habitaria os céus segundo a filosofia grega.

Representação dos quatro elementos da filosofia grega: terra, água, ar e fogo, com o Éter como o quinto elemento no centro.
Os quatro elementos da filosofia grega, com o Éter como o quinto e mais misterioso.

De acordo com a tradição grega, essa substância não existiria na terra, diferentemente dos outros quatro elementos – terra, água, ar e fogo. O éter, que em grego significa “ar puro”, existiria apenas no espaço e seria o elemento principal na composição do sol. Por ser mais puro que os demais elementos, a mitologia grega afirmava ser este o ar que respiravam as divindades, diferentemente do ar que respiramos aqui na terra. Além disso, o éter seria o elemento de ligação entre o mundo divino e a terra, uma vez que ele seria o meio em que a luz iria percorrer até chegar em nosso planeta.

Ilustração de deuses gregos respirando o Éter, o ar puro dos céus.
Na mitologia grega, o Éter era o ar puro respirado pelas divindades.

Essa quintessência, porém, guarda certos mistérios até os dias atuais. Sendo uma realidade na antiguidade e na Idade Média, o éter foi posto em questão no início do desenvolvimento científico, uma vez que os estudiosos desejavam provar sua existência. Vários cientistas embarcaram em seus experimentos para comprovar o quinto elemento, porém, durante os séculos XVII e XVIII, físicos como Isaac Newton descartaram a possibilidade dessa substância existir.

Isso porque sua principal prova “física”, a de que serviria como um meio para a propagação da luz, foi descartada após alguns experimentos. A própria luz, da qual seria feita dessa substância segundo a tradição grega, foi estudada e chegaram à conclusão de que nada havia do misterioso éter nela. Uma explicação mais sóbria, e que hoje sabemos com segurança, é que a luz é formada por átomos e guarda em si as cores que conhecemos. Assim, o Éter não pôde ser detectado no Universo, nem mesmo em suas funções, de acordo com os gregos.

Ilustração de cientistas do século XVII estudando o Éter com equipamentos científicos antigos.
Cientistas do século XVII tentaram provar a existência do Éter como meio de propagação da luz.

Mas a história do Éter não acaba por aqui. Por mais que não tenha sido provada, diversas tradições comentam acerca de sua existência. Para os esotéricos, por exemplo, os éteres – existiriam três deles – são realidades sutis e que não podem ser percebidas no plano físico. Assim, ligaria não o espaço com a terra, mas seria uma substância que forma e liga planos físico ou etéreo. O éter ainda estaria em tudo, inclusive no Ser Humano, compondo um aspecto sutil em todos nós. 

O Éter na perspectiva espiritual e religiosa

Essa não é uma ideia simples de compreender, ainda mais se nunca tivermos a escutado antes. Dentro de uma perspectiva espiritual/religiosa, esse mundo sutil no qual estaria o Éter seria um plano próprio das almas ou seres que não poderiam ser vistos ou detectados, o que popularmente chamamos de fantasmas. Apesar de não existirem provas científicas acerca disso, todos nós conhecemos – ou experienciamos – situações sobrenaturais, que fogem da nossa racionalidade convencional e, por vezes, acabamos por nos convencer de que o que vimos foi fruto da nossa imaginação.

Ilustração etérea e mística de um plano espiritual com almas e seres invisíveis conectados pelo Éter.
No plano espiritual, o Éter conecta almas e seres invisíveis, formando um universo além do físico.

É muito provável que, na maioria dos casos relatados, exista, em maior ou menor grau, uma explicação razoável e simples, porém seria tão difícil imaginar um outro universo invisível acontecendo ao nosso redor?

Se a resposta for “sim”, não poderíamos aceitar a existência de ondas eletromagnéticas e microorganismos, pois ambos não podem ser detectados por nossos sentidos. No contexto atual, sabemos que esses seres e formas de energia existem por termos tecnologia suficiente para detectá-los, mas eles sempre existiram e interagiram conosco. Dessa forma, não acreditar na existência de algo por não sermos capazes de percebê-lo com nossos instrumentos e sentidos é limitar-se apenas ao que podemos “ver”. Assim, mesmo que não haja meios para comprovar a existência de algo, não significa que não exista.

Um ótimo exemplo disso é a famosa “matéria escura”, que foi postulada nas últimas décadas por cosmólogos e astrofísicos. Para compreender a razão pela qual se criou a teoria da matéria escura, é preciso entender o problema que ela responde. Tudo começou com um paradoxo encontrado na segunda metade do século XX: Se a gravidade é a força que mantém o movimento do Universo, ela deveria ser mais fraca do que é atualmente, pois a massa do universo não corresponde com o nível da gravidade.

No caso, para os cosmólogos que se debruçaram com esse dilema, a única explicação para isso é a de que existe algo que interage com os corpos de maneira gravitacional, mas que não podia ser detectado de outra maneira. Essa matéria não interagia nem mesmo com a luz, por isso não podia ser vista ou mesmo encontrada através de telescópios. Assim, deu-se o nome de “matéria escura”.

Apesar de não ser possível de vê-la, estima-se que a matéria escura seja responsável por 84% da massa do Universo e ela seria a grande responsável por manter os conglomerados de galáxias orbitando de modo harmônico. Assim, sua influência invisível é a principal razão pela qual diversos corpos celestes estão gravitando e, acima disso, expandindo seus horizontes dentro do cosmos.

Ilustração do cosmos e a influência invisível da matéria escura unindo as galáxias.
A matéria escura, invisível aos sentidos humanos, compõe 84% do universo.

Os estudos acerca da matéria escura são fascinantes ao ponto de nos fazer refletir acerca de como as leis da natureza podem atuar ao nosso redor e não sabermos. Assim, o Éter dos antigos gregos e das tradições esotéricas podem não ser apenas devaneios e suposições de um momento da nossa história enquanto civilização, mas talvez sejam verdades mais profundas que ainda não descobrimos. Não se trata, portanto, de “ver para crer”, tal como um cientista contemporâneo, mas sim de estarmos abertos à possibilidade de que existam, de fato, outros planos.

A própria ciência moderna já trabalha com essa perspectiva ao retratar a teoria do multiverso, um modelo hipotético em que existiram diferentes Universos, totalizando neles toda a energia, massa e espaço existentes. Assim, não significa nos limitarmos a provar ou não as novas ou antigas ideias, mas estarmos atentos e despertos para tentar compreender uma nova realidade à nossa frente. 

Representação artística do multiverso e dos cosmos com diferentes universos conectados por fios cósmicos.
A teoria do multiverso propõe a existência de vários universos paralelos.

O mistério do éter, portanto, continua sua saga. É importante destacarmos que não estamos relacionando essa mítica substância com a matéria escura, apenas são exemplos distintos sobre como a ciência ainda é um campo fértil para novas descobertas. O Universo, enfim, jamais parará de nos surpreender, pois, parafraseando Sir Isaac Newton: “O que sabemos é uma gota, o que desconhecemos é um Oceano”.

Se desejamos saber verdadeiramente sobre o cosmos, será preciso mais do que instrumentos potentes ou naves espaciais, precisaremos de um verdadeiro mergulho sobre o sentido da Vida e sua natureza. Quem sabe, ao bebermos um pouco do autoconhecimento, possamos olhar para as estrelas e ver, quase como mágica, como elas são sustentadas por essa força invisível que habita todo o Universo.

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