“Como Estrelas na Terra” é um daqueles filmes que, com toda certeza, Você não vai assistir apenas uma única vez. Além de leve, emocionante e divertido, a manifestação do Amor está presente do começo ao fim da história. Fazendo com que esta obra, que não é apenas mais um produto para o nosso entretenimento, seja um veículo para a nossa aprendizagem.
O filme é uma comédia dramática infantil, produzido na Índia, em 2007, e dirigido por Aamir Khan, que no filme também atua como o professor Nikumbh. O longa foi lançado nos cinemas Indianos com grande sucesso, em 2007. Mas, em 2010, teve os seus direitos comprados pela Walt Disney Home Entertainment, e foi distribuído comercialmente nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália com o título de “Like Stars on Erath”.
O filme conta a história de um garoto de nove anos que apresenta muitas dificuldades de aprendizado e que vive em uma pequena cidade na índia com a sua família. Esse garoto é Ishaan. Ele já está prestes a ser reprovado pela segunda vez consecutiva, e as suas dificuldades com o aprendizado o tornam motivo de piada por parte de seus colegas de escola. Além disso, provoca a ira em seus professores que não o compreendem, e o desespero e a vergonha em seus pais.
Acreditando que as dificuldades de seu filho não passam de insubordinação e falta de interesse em estudar, o seu pai decide enviá-lo para um rigoroso colégio interno, que garante poder resolver todos os problemas da criança através dos seus severos métodos de ensino. Mesmo com a dura rotina da nova escola, Ishaan não estava apresentando os resultados satisfatórios e esperados pelos seus pais e seus novos mestres. Um dia, entretanto, o professor Nikumbh, que chegou a escola para substituir, temporariamente, o professor de Artes da turma de Ishaan, começou a prestar mais atenção em Ishaan e percebeu que o menino “sofria” de um distúrbio de aprendizagem conhecido como “dislexia”.
Após essa descoberta, a vida do garoto começou a mudar. O professor Nikumbh, com os seus métodos de ensino nada convencionais, em uma aula contou para a turma de Ishaan, as histórias de vários gênios da humanidade que também sofreram com o mesmo problema de dislexia. Com isso, ele conseguiu conquistar não só a total atenção da sua turma de alunos, mas especialmente a confiança do sensível garoto, principalmente quando revelou para o menino que ele próprio também havia sofrido com esse mesmo problema durante a sua infância.
Com muita paciência, carinho e dedicação, o professor Nikumbh, consegue fazer o inimaginável. Ao invés de tentar trazer o garoto Ishaan para o mundo considerado normal, ele conduziu a todos (alunos, pais e professores) ao universo lúdico e mágico de Ishaan. Desse modo, o professor fez com que o menino tímido e recatado pudesse se desenvolver rapidamente no seu processo de aprendizado, e também mudar os conceitos e as opiniões daqueles que não o entendiam. Desse modo, no filme, tudo parece ter sido pensado com a intenção de nos fazer refletir. Desde a poética e belíssima trilha sonora, até os efeitos visuais que misturam um certo tom de “psicodelia infantil”, nos dão a oportunidade de vermos até mesmo os próprios pensamentos de Ishaan tomando forma.
Visto isso, cabe refletirmos sobre algumas ideias que se mostram fortemente presentes no longa-metragem. A primeira delas se refere ao egoísmo. De modo geral, temos a certeza de que nós somos os donos da razão, e que tudo aquilo que é diferente de nós, ou o que não conseguimos entender, está errado. Não é mesmo? Apenas os nossos interesses importam, apenas os nossos pontos de vista apontam para a verdade, apenas o que eu gosto tem algum valor, apenas o que eu quero, interessa. Não é assim? Mas e os outros? Eles também não têm vontades, desejos, interesses, sentimentos e, até mesmo, razão?
O que nos faz sentirmo-nos diferentes e, principalmente, superiores aos demais o egoísmo. O nosso individualismo nos impede de captarmos as infinitas possibilidades de compreensão da realidade, principalmente, quando essa realidade não nos interessa. O filme, porém, mostra-nos que só somos diferentes enquanto estivermos separados. A partir do momento em que nos “desarmamos” das nossas condutas individualistas e nos permitirmos contribuir com o coletivo, poderemos entender que as diferenças são exatamente o que compõem esse “Todo” e que nós também fazemos parte dele.
Já imaginou se cada um de nós pudéssemos, ao menos uma vez na vida, termos uma atitude parecida com a do professor Nikumbh? Não se trata de querer consertar o mundo, estamos falando de altruísmo, de respeito, de procurar contribuir com o que temos de melhor para que o outro também possa ser melhor. Imagine como será a realidade do mundo quando pudermos unir o meu melhor com o seu melhor, bem como o melhor do médico, do motorista, do gari, do padeiro, da costureira, do vovô e assim por diante.
Não cabe a nós julgarmos ou, muito menos, condenarmos as supostas limitações dos nossos iguais. A nossa missão é muito simples, é somar. Sem dúvidas, há quem acredite que está neste mundo a passeio ou por acaso, talvez até por acidente. Mas acredite: Você está exatamente onde deveria estar para aprender, evoluir, crescer e contribuir, fazendo uma coisa simples que não vai lhe machucar, ou ofender, ou seja, que não dói nada. Você só precisa amar. Ao menos uma vez, tente ser mais sincero e humilde ao prestar atenção no seu semelhante, Você verá que também precisa dele, e que ele também tem muito a lhe ensinar e a contribuir para o seu crescimento pessoal. Seja Você também uma “Estrela na Terra”. Você pode! Você deve!