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Inveja Humana: Como ressignificar este sentimento negativo?

Quem de nós nunca sentiu o desejo de ter algo que outra pessoa possui? Sejamos francos! Seja um brinquedo dos nossos irmãos, quando criança, ou mesmo uma promoção que um colega de trabalho recebeu e nós não. Sabemos que a inveja não é a melhor sensação do mundo e muito menos devemos incentivá-la. Mas por que sentimos inveja? O que explica esse desejo quase incontrolável de querer o que não temos?

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De acordo com estudos científicos, a inveja é uma realidade não apenas psicológica, mas uma reação instintiva. Dentro de um contexto de seleção natural e competição para sobrevivência, desejar obter o sucesso dos outros ou mesmo torcer para o seu fracasso é uma forma inconsciente de tentar garantir a perpetuação dos seus genes. Desse modo, a inveja não se trata apenas de uma má formação de caráter, mas está ligada aos aspectos mais básicos da nossa espécie. Além disso, não podemos excluir desta equação o fato de sermos uma espécie social, ou seja, que sobrevivemos a partir da associação com os demais Seres Humanos. Viver tão próximo uns dos outros acaba, naturalmente, despertando comparações e hierarquizações sociais, nas quais passamos a considerar o “sucesso” e “fracasso” nas mais distintas relações, como fundamentais para nossa realização.

Assim, para colocarmos de maneira prática,  acabamos olhando para as pessoas ao nosso redor e, mesmo sem querer, invejamos os seus sucessos sociais, principalmente quando são mais significativos do que os nossos. Dessa maneira, competimos quase veladamente para aparentar esse sucesso: nos esforçamos para comprar o carro do ano, o maior apartamento, ganhar mais, e ter tudo que a sociedade nos diz que precisamos para demonstrar esse sucesso. Porém, basta uma rápida análise sobre esses critérios de sucesso e perceberemos que eles causam, em grande escala, muito mais frustração do que bem-estar, afinal, sempre haverá alguém mais bem sucedido que nós. Se moramos, por exemplo, em um edifício de 20 andares, invejamos os moradores da cobertura ou do andar logo acima do nosso, pois eles têm, em teoria, uma vista melhor da sua varanda; ou ainda, ao estacionarmos o nosso carro, observamos que o vizinho comprou um modelo mais novo e mais potente. Percebem como nunca estaremos satisfeitos?

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Se deixarmos a inveja tomar conta de nossas Vidas, o que ela certamente fará se não estivermos conscientes de sua existência? A resposta é simples: viveremos cercados de sofrimento, pois ela é, antes de tudo, uma dor. Um estudo realizado no Japão, em 2009, comprovou que a inveja nos faz sentir dor. Ficamos tão aflitos ao viver essa emoção, que ela nos impõe uma angústia que nosso cérebro interpreta do mesmo modo  ao de um golpe em nosso corpo. Em casos mais extremos, essa angústia nos leva a estados de fúria e acabamos machucando outras pessoas, só por não sermos capazes de suportar a sua Felicidade ou realização. Será, então, que não tem como utilizarmos a inveja a nosso favor? Será que não existe um meio de ressignificar esse aspecto do nosso instinto de sobrevivência, para conseguirmos melhorar enquanto Seres Humanos?

A nível neurológico, está comprovado que o cérebro reage nitidamente aos estímulos do meio. Sendo assim, aquilo que associamos como algo positivo ou negativo impacta a maneira que sentimos e reagimos às situações. No caso da inveja, isso se aplica de maneira muito Eficaz. Ao sermos ensinados sobre nosso sistema de Valores, nosso cérebro, à medida que vamos evoluindo, adapta-se a compreender tais elementos como positivos e o seu contrário como ruim. Assim, quando comparamos nossa Vida com a das outras pessoas, nosso cérebro usa como parâmetro esses “medidores sociais” e, quase como um passe de mágica, nosso instinto nos faz sentir inveja dos mais “aptos” a sobreviverem em nossa Sociedade.

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Comparar-se, no sentido mais comum da palavra, nunca nos traz bons resultados. Entretanto, é possível passarmos a encarar a inveja e a comparação, ambas inevitáveis, por uma outra perspectiva: a de nos inspirarmos. Não estamos falando, entretanto, de admirarmos apenas as conquistas sociais e materiais que tanto são estimuladas hoje, mas principalmente de passarmos a admirar os Valores Humanos que cada um de nós carrega. Partindo dessa perspectiva, a nossa referência de “sucesso” deve ser distinta da dos dias atuais. Para além do que possuímos, é fundamental termos como referência um Ser Humano que consegue ser, cada vez mais, Virtuoso, ou seja, demonstrar Atitudes Benéficas e que cria laços de União uns com os outros. 

Pensemos sobre isso: se o Ser Humano é, por natureza, um ser sociável, ou seja, que necessita dessa cooperação para Prosperar, por que não usarmos como referência os bons Valores e Virtudes? O nosso sucesso, quando associado apenas ao aspecto material, nos obriga a competir com os outros e, gostemos ou não, estimula a inveja tal qual a conhecemos. Por outro lado, se temos como referência Valores que não podem ser adquiridos por meios materiais e sim com atitudes, passaremos a cultivar o melhor que cada um pode oferecer. Como cada um de nós pode apresentar Virtudes distintas e elas não competem, mas sim cooperam para juntas criarem um ambiente de Harmonia, a inveja não seria alimentada. Junto a isso, um olhar Sincero e de admiração pelas Virtudes alheias seria o combustível necessário para continuarmos a desenvolver o nosso melhor lado.

Não podemos mudar nossos instintos, portanto, a comparação com os outros irá ocorrer. Adotando esse novo parâmetro de sucesso, o das Virtudes, há quem possa pensar algo como “o meu amigo é mais Virtuoso do que eu” e sentir-se desconfortável com isso. Entretanto, essa dor própria da inveja irá fazer com que possamos, a partir disso, nos movimentar a sermos mais Virtuosos. Como passamos a nos dedicar mais ao trabalho para ganhar um salário melhor e comprar o nosso sucesso que, objetivamente, são os bens materiais, nesse outro parâmetro, , a dedicação nos levaria à busca de sermos mais Virtuosos. Assim, o desejo de querer ser melhor poderia nos levar até a nossa melhor forma. 

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Claro que admirar e invejar são aspectos distintos. Assim, para transmutar a inveja na admiração é preciso, antes de tudo, levarmos em conta o Valor que estamos colocando no que nos causa a inveja. Afinal, se “a grama do vizinho é sempre mais verde”, como diz o ditado popular, resta a nós sabermos o porquê que desejamos tanto ter o gramado mais verde da vizinhança. 

Em geral, como já comentamos acima, essas emoções nos arrastam por meio do instinto. Sendo assim, o primeiro passo para fazer essa mudança de perspectiva é notar os motores que estão por trás desses desejos. Muitas vezes, para além de um mero instinto, escondem-se outras debilidades como a vaidade e o orgulho. A inveja pode ser fruto desses outros dois defeitos. Quando acreditamos que o sucesso do outro nos ofende, ficamos com o nosso orgulho ferido. Por exemplo, no ambiente de trabalho, quando há uma promoção e nos sentimos com inveja, às vezes sentimos que não estão nos valorizando, ou que o nosso chefe errou ao fazer essa escolha. Essa postura orgulhosa, de não reconhecermos o mérito do outro e achar que o sucesso alheio diminui a nossa importância, termina nos levando a invejar a vida do outro. Nesse sentido, ou acabamos querendo que a outra pessoa seja arruinada e fracasse em seus novos empreendimentos, ou gostaríamos de viver a Vida que ela leva. Em muitos casos, porém, essas duas realidades são verdadeiras.

Considerando tais aspectos, combater a inveja e ressignificar a maneira que enxergamos o sucesso das pessoas ao nosso redor, não é uma questão de nos livrarmos da dor e angústia que essa emoção nos causa. Acima disso, é sermos capazes de lidar com uma série de defeitos que nos compõem e que não devem nos dominar. Deixemos claro isso: talvez não consigamos controlar todos os nossos impulsos, seria fantasioso achar que não iremos sentir tais emoções, porém, elas não podem fazer morada em nosso ânimo, muito menos guiar as nossas ações. Portanto, a inveja jamais deve ser o ponto de partida das nossas atitudes diante da Vida, mas, ao notá-la, podemos buscar transformá-la em uma verdadeira admiração para com os demais. Isso, em última instância, é cultivar um Valor de Fraternidade que, acima de tudo, revela o verdadeiro Valor da Natureza Humana.

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