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Filme “Sete Minutos Depois da Meia Noite”: Aprendendo a lidar com a dor da perda

“A Monster Calls” é o título original em inglês do livro direcionado ao público infanto-juvenil escrito por Patrick Ness e que deu origem ao filme “Sete Minutos Depois da Meia Noite”. O drama-fantasia é dirigido por Juan Antonio Bayona e foi lançado em 2016. Estrelado por Lewis Macdougall, Felicity Jones, Toby Kebbell, Liam Neeson e pela veterana Sigourney Weaver.

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Conor O’Malley (Lewis MacDougall) é um garoto de 13 anos, sensível, solitário e que tem um grande talento para as Artes. Seus problemas são diversos: ele precisa lidar com o fato de ter um pai ausente; sofre abusos e agressões por parte dos colegas de escola; tem uma relação muito difícil com a sua avó e ainda é consumido emocionalmente com a proximidade da morte inevitável de sua mãe, que é portadora de um câncer terminal. Para um menino de 13 anos, a vida de Conor é mesmo muito difícil. No entanto, ele precisa enfrentar a dura realidade que a vida reservou e, para isso, passou a procurar respostas em um mundo de fantasias. Assim, em um determinado momento, o jovem passa a conhecer histórias que uma gigantesca árvore passa a lhe contar em seus sonhos. Aos poucos, Conor começa a entender melhor como as coisas realmente são.

A árvore diz que irá lhe contar três histórias, e que a quarta história deveria ser contada pelo próprio Conor e nela ele deveria falar sobre a sua verdade. Com a primeira história, o monstro da árvore mostra a Conor que as coisas nem sempre são o que parecem ser, que todas as pessoas podem ter um lado sombrio e que o desfecho das situações que vivemos podem não ser da maneira que gostaríamos. Logo em seguida, ao ouvir de uma de suas professoras em sala de aula que os nossos problemas não estão de fato nas pessoas com quem interagimos, mas na maneira que absorvemos os seus pontos de vista, Conor começa a refletir e ter os seus primeiros entendimentos sobre o que está vivendo.   

Muitas vezes projetamos as nossas insatisfações, frustrações e desilusões no outro, responsabilizando terceiros pelo que nos desagrada. Esquecemos, por vezes, que o mundo que nos cerca não é nada além do que o mundo que nós próprios construímos, e que as pessoas com quem interagimos agem conosco da maneira que permitimos a elas se sentirem à vontade para agir. Quando assumimos total responsabilidade e controle pelas nossas atitudes, vontades e desejos, estamos também limitando ou mesmo anulando a influência externa sobre nós, nos tornamos imunes ao que vem de fora.  Assim, somos os únicos responsáveis pela construção da nossa realidade. Com esse entendimento e essa postura, podemos dar um melhor direcionamento às nossas vidas, sem nos deixar influenciar pelo que não nos pertence.

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Na segunda história, o monstro da árvore fala a Conor sobre a fé. Ele explica que as pessoas nem sempre vivem de acordo com o que dizem acreditar, e que a fé na “cura” e em dias melhores já é parte da própria “cura” e da construção desses dias futuros. Ele ensina principalmente que devemos ser coerentes com as nossas crenças e valores e que, por motivo nenhum, devemos abrir mão das coisas que acreditamos. Enquanto Conor ainda está tentando assimilar os ensinamentos tirados do conteúdo dessa história, a sua mãe tem um agravamento em seu estado de saúde. É nesse momento que o jovem percebe a força que a verdadeira fé pode ter, pois ela é a energia que nos mantém firmes para seguirmos acreditando, mesmo nos momentos mais drásticos.

Não podemos nos lançar em nenhuma “caminhada” sem estarmos sendo conduzidos pela fé. Não se trata de esperar que, milagrosamente, as coisas possam “cair do céu”, mas de direcionarmos a nossa Vontade no sentido dos nossos sonhos e necessidades, sem vacilarmos. Sem termos dúvidas de que somos realmente capazes, e que estamos sendo amparados pela realidade que, através das nossas ações, estamos construindo, o Universo estará sempre “conspirando” a nosso favor. Fé é o combustível para construirmos e conquistarmos tudo o que nos for justo e lícito.

Com a terceira história contada pelo monstro, Conor aprende que não precisamos, nem devemos, aceitar resignadamente as ofensas ou injustiças que sofremos. Aprende que também precisamos nos defender quando isso for necessário e que devemos nos impor diante dos nossos “carrascos”, afinal, o respeito que conquistamos emana de nós mesmos, das nossas atitudes. A nossa postura e comportamento é o que irão nos fazer ser vistos e, independente de sermos aceitos ou compreendidos, a maneira como seremos tratados pelos demais depende de como nos posicionamos. Mais uma vez em sala de aula, Conor compreende o ensinamento quando ouve de um de seus professores como é grande a importância de se dizer não sempre que precisar.

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A quarta e derradeira história é contada pelo próprio Conor. O jovem a conta de maneira quase que improvisada, de acordo com o seu entendimento da situação. A lição que ele aprende com essa última história é a de que a verdade é a única coisa realmente capaz de libertá-lo de qualquer prisão. A verdade é o que pode fazê-lo crescer e se fortalecer diante das dificuldades e dos obstáculos. Na sequência dessa história, em uma conversa com a sua avó, ele também aprende que, por mais diferentes que possamos ser, lá no fundo, todos temos alguma coisa em comum e isso é o que nos une.

Assim, o jovem Conor O’Malley mostra ser um rapaz valoroso, inteligente, talentoso, solitário e sensível, que tem que enfrentar a dura realidade de “perder” para a morte alguém a quem se ama. Essa experiência não é nada fácil para nenhum de nós, mas, com a história da vida desse menino, poderemos refletir sobre o fato de que existem coisas que são inevitáveis. É bem verdade que, para quem “fica”, a dor é quase insuportável, mas podemos superá-la. Com a fantasia que Conor criou para fugir de seu sofrimento, ele conseguiu retirar preciosos ensinamentos acerca da vida, mas, principalmente, aprendeu que, escolhendo ser a nossa melhor versão, somos capazes de lidar até mesmo com a própria morte.

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