Todos nós sonhamos em realizar algo. Almejamos, por exemplo, nos tornar um profissional e servir a sociedade em algum nível. Não importa muito qual o objetivo a ser conquistado, toda caminhada nos exige o primeiro passo e alguém que sonhe com a gente, que embarque nessa viagem e nos ajude a dar forma às nossas ideias. O curta metragem “One Small Step” é uma linda homenagem a essas pessoas que ajudam as outras a conquistarem os seus sonhos com paixão e perseverança. A animação é a primeira produção de peso da Tayko Studios, que nasceu em 2017 com o objetivo de fazer uma ponte entre o Oriente e o Ocidente através das animações.
Não foi à toa que foi indicado à categoria de Melhor Curta-Metragem em 2019, pois se trata de uma animação que não só nos emociona profundamente, mas consegue resumir em sete minutos o nosso sentimento de gratidão a todos que passaram ou estão em nossas vidas e nos ajudam a realizar os nossos sonhos. O curta foi lançado na internet e nos festivais de cinema no final do segundo semestre de 2018 e narra a história da pequena Luna, uma garota que vive na cidade com o seu pai e tem o sonho de tornar-se uma astronauta quando crescer. O seu pai, um humilde sapateiro, faz tudo o que está ao seu alcance para que o seu sonho seja realizado.
A história da garotinha Luna carrega um pouco de nossas histórias de vida, os problemas enfrentados, as dificuldades no caminho a serem superadas, etc. Mas a história ganha muito mais força porque revela em si trechos autobiográficos de seus diretores e produtores Andrew Chesworth, Bobby Pontilhas e Shaofu Zhang. Zhang, descendente de
imigrantes chineses, é oriundo de uma família que sobreviveu a vida toda através de um pequeno alfaiate, na Carolina do Norte. Em entrevistas a sites americanos, Zhang afirma que muito do roteiro do curta veio das histórias de vida dele e do Chesworth e Pontilhas. Por exemplo, o avô de Andrew o incentivou a produzir desde cedo quando percebeu o seu talento para a animação. Graças a isso o produtor da Disney chegou até onde está hoje.
A história da Luna acaba por revelar as nossas trajetórias em busca dos nossos sonhos. Além disso, o curta nos lembra da importância de sermos gratos a todos que nos possibilitaram chegar aonde estamos. A importância de dar o primeiro passo passa pelo suporte que recebemos no início da caminhada. No caso de Luna, o seu querido pai, no limite de suas circunstâncias, deu tudo para que ela pudesse iniciar a sua caminhada de astronauta anos mais tarde. O bonito de se ver é que em nossos sonhos nunca estamos sós. Como num passe de mágica, em qualquer meta alcançada sempre há uma parte de alguém que participou da nossa caminhada, sendo nosso alicerce: seja um pai, uma mãe, um parente, um professor, um amigo e até um desconhecido.
Por isso, que o tema da gratidão a todos que nos ajudaram a percorrer a nossa trilha é tão justo dentro do curta. Ele nos toca profundamente porque nos chama a consciência de que tudo o que nos tornamos ou que ajudamos a tornar passa por uma corrente invisível de cooperação que é tão forte, que impulsiona não só as nossas vidas individuais, mas toda a sociedade e a marcha histórica da Humanidade. Quem não lembra, por exemplo, de uma palavra amiga nos momentos mais difíceis da vida ou mesmo a confiança em nós mesmos quando nem sabíamos que era possível realizar tais atos. São essas contribuições que sempre nos ajudam a seguir e, em geral, elas vêm dos mestres que a vida nos confere ao longo de nossa existência.
A gratidão nos ajuda não só a reconhecer a importância dessas pessoas, mas a nos posicionar na vida dentro de uma postura mais colaborativa com todas as pessoas que cruzam o nosso caminho. Com isso, vamos naturalmente aprendendo que tudo o que a vida nos traz pode ser uma ótima oportunidade de aprendizado, até nos momentos mais dolorosos e difíceis. A Luna precisou se superar em sua capacidade intelectual, emocional e física para iniciar a sua carreira de astronauta e isso só foi possível quando ela se reposicionou diante de suas limitações e, posteriormente, da perda do seu pai.
Pois, a partir da ausência do seu pai, ela precisava dar continuidade a sua caminhada com a sua força interior. Esse pequeno passo de caminhar em direção aos nossos sonhos só depende de cada um de nós. Como foi dito anteriormente, apesar das dificuldades a serem superadas, a vida também nos traz o suporte necessário através dos grandes e pequenos mestres, mas a caminhada em direção aos nossos objetivos e metas só podem ser realizados através de cada um de nós.
Nesse quesito, ou caminhamos em direção ao nosso alvo ou ficamos na beira da estrada da vida, observando a história passar através de nossos olhos. Os que caminham podem narrar as suas aventuras com os seus percalços e conquistas, já os que, por algum motivo, não caminham em direção aos seus sonhos passam a viver amargurados reclamando da vida e de tudo o que o cerca.
Mas, por que não conseguimos realizar os nossos sonhos? Talvez não os tenhamos ou os confundamos com os nossos desejos. O desejo é fruto de uma emoção passageira, já o sonho é fruto da necessidade de plasmar uma ideia que está muito além de uma vontade pessoal. Quando sonhamos incluímos as necessidades de todos, mas quando desejamos, apenas priorizamos as nossas emoções e caprichos pessoais. Quem sonha não se preocupa com o tempo, não faz comparações em relação ao outro porque sabe que a chave para abrir a próxima porta está contida dentro de si e das respostas que dará ao que a vida o pede. Quem sonha sabe que cada pequena conquista só é possível após muito trabalho e esforço e, muito mais importante do que conquistar as metas é aprender a gostar dos desafios.
Por fim, vale ressaltar que sonhar se aprende, se é educado para tal e não se nasce pronto para isso. Daí, mais uma vez, a perspectiva do curta se torna tão relevante e inspiradora para todos nós. Uma vez que o pai da Luna alimenta o seu sonho de astronauta desde a mais tenra idade, ele a educa para acreditar sempre no seu sonho, para manter o foco e ser perseverante. E são com esses Valores que a Luna parte para dar os primeiros passos em direção ao seu objetivo, mesmo depois da morte de seu pai. Sem sombra de dúvida, esse é um dos curtas mais bonitos sobre o Amor e a Perseverança na busca do autodesenvolvimento de um Indivíduo, pois tudo o que incentivamos ou plantamos hoje dará seus frutos no amanhã.