Série: desvelando o Tarot Egípicio – Parte IV

Continuando nossa saga pelos tarots egípcios, chegamos ao nosso quarto texto sobre esse tema e hoje vamos desvendar um pouco do simbolismo de outras três cartas. Mas antes, se você ainda não conhece a série, recomendamos que leia os outros textos e conheça todas as cartas que já falamos aqui na Feedobem.

Não custa retomar também algumas ideias para que possamos ter uma melhor compreensão dos símbolos e dos seus significados. Primeiramente, devemos compreender que os símbolos não possuem apenas uma chave de interpretação, mas aqui vamos nos debruçar principalmente por ideias filosóficas, que façam relação com a nossa vida cotidiana. Desse modo, o conhecimento dos tarots deixa de ser meramente intelectual e podemos percebê-los em nossas vidas. 

Portanto, vamos a mais uma jornada em busca de entendermos ideias tão profundas que habitavam o Antigo Egito

As duas urnas

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Começamos nossa quarta parte com a carta número 14 do tarot egípcio. Ela é usualmente chamada de “as duas urnas”, mas outras interpretações lhe dão o nome de “o alquimista”. Na figura podemos ver alguns elementos bem interessantes, como o Sol ao fundo que ilumina o Homem. Este, por sua vez, apresenta aspectos Divinos como asas nas costas e nos pés, além de ter uma chama no topo de sua cabeça. Em suas mãos ele carrega duas urnas, uma dourada e a outra aparentemente de ferro, na qual passa água de uma para a outra. Sob seus pés está uma superfície azul e, aparentemente, o Homem está voando, uma vez que há nuvens ao seu redor.

Como já sabemos, toda carta carrega em si diversos símbolos e cabe a nós decifrá-los um a um. Comecemos então pelo simbolismo do Sol, no qual já falamos em outros textos. De modo geral, ele representa o aspecto Divino da Natureza. Nesse caso, o Divino está iluminando o Homem, dando-lhe a luz necessária para compreender suas experiências. 

O Homem, por sua vez, é uma figura bastante interessante na carta. Para começar existem alguns elementos que simbolizam que ele não é um Ser Humano “comum”, mas sim alguém que atingiu um grau elevado de Sabedoria. Quais elementos são esses? Um deles é a chama que fica acima de sua cabeça. Nas antigas tradições o fogo estava relacionado com a mente em seu aspecto mais Divino, pois sempre voltava-se para cima. Essa característica simbolizava a busca pela ascensão Espiritual.

Além disso, o Homem aparece com asas, o que é mais um indício de que ele não seja um Ser Humano normal. As asas, que nesse caso se parecem com as da Deusa Maat, representam uma característica Divina desperta neste Homem. O alquimista também tem asas nos tornozelos, tal qual o Deus Hermes, o que podemos interpretar pelo fato dele ser uma ponte entre o Humano e o Divino.

Todas essas ideias poderiam ser discutidas em muitas páginas, porém, o que mais chama atenção na carta, e por isso leva o seu nome, são as duas urnas nas quais o alquimista está manuseando. Uma delas é feita de ouro e a outra é feita com um metal similar ao ferro. Mas o que elas podem simbolizar?

Para isso precisamos compreender o que eram os alquimistas e o que faziam. Durante a Idade Média a figura do alquimista era, a grosso modo, a de uma pessoa que buscava compreender as Leis da Natureza e dominá-las. Entre os principais objetivos dos alquimistas, estava a transformação do chumbo em ouro. Colocando em uma linguagem mais filosófica, poderíamos dizer que os alquimistas queriam transformar nossos instintos, de pouca nobreza e altruísmo, em ações voltadas para o Bem, repletas de Justiça e Amor ao próximo.

Partindo dessa explicação, o símbolo da água saindo da urna de ferro e sendo depositada na de ouro seria essa transformação tão buscada pelos alquimistas. Considerando a água como a nossa energia, o alquimista é aquele que consegue tirar energia da nossa parte mais egoísta, que busca somente o prazer e a realização dos desejos, para colocar em uma vida de ação em prol do melhor para a Humanidade. 

Trazendo exemplos práticos, pensemos na nossa vida cotidiana: quantas vezes agimos pensando somente em nós? No trabalho, por exemplo, trabalhamos por gostarmos e considerarmos nosso dever as tarefas que nos demandam? Ou só trabalhamos porque necessitamos de dinheiro para sobreviver? Se refletirmos verdadeiramente sobre essas questões, talvez possamos entender que nossa urna de ferro está repleta de água, simbolizando a grande quantidade de energia que dedicamos a nós mesmos. Porém, tal como o alquimista da carta, podemos depositar nossa energia em coisas mais nobres, que elevam e engrandecem nossa Alma frente ao mundo em que vivemos. Uma delas é o desenvolvimento de Virtudes, algo que tanto nos falta nos dias atuais.

Essa atitude do alquimista é o que o torna próximo do Sol. Por isso ele está voando, como um pássaro em movimento ascendente. Quando nos transformamos e buscamos um caminho Espiritual, mergulhamos em nós mesmos e temos a possibilidade de alçar voos mais longos, até mesmo rumo ao Sol.

Se pudéssemos, portanto, resumir as principais ideias dessa carta seriam a ascensão Espiritual do Ser Humano: a nossa transformação de ferro em ouro, simbolizando a Evolução Humana.

A morte

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A próxima carta que analisaremos é uma das cartas mais temidas do tarot: a morte. É a número 13 do tarot egípcio e nela podemos ver um esqueleto com uma foice e diversos membros humanos ao seu redor. No fundo temos um arco-íris ligando o Céu e a Terra.

Apesar de simples, as ideias por trás desta carta não são tão fáceis de compreender. Comecemos pela caveira e a foice, que representam a própria morte. Essa representação da morte nos mostra a ideia de um final de ciclo, no qual chegamos no fim do caminho e precisamos seguir para outra forma de vida. Ela está acima dos dois Homens, mostrando que a morte não diferencia ou escolhe lados, ela ceifará todos igualmente. 

Junto a essa ideia, mostram-se diferentes partes do corpo humano nos pés da caveira. Nas tradições antigas dizia-se que ao chegar a morte apenas o que ofertamos aos Deuses, o que nos doamos para o Divino, seria o que carregaríamos para o outro mundo. Por isso que há cabeças, braços, pernas, mãos, pois esses são os símbolos dos homens e mulheres e o que ofertaram em vida.

Partindo dessa reflexão, podemos considerar a morte como algo que queremos evitar. Por mais que consigamos entender que ela é um fim inevitável, não gostamos de lidar com nossas perdas. Porém, nem tudo se vai quando morremos. Os aprendizados que carregamos ao longo da vida são levados para esse outro mundo e assim um novo ciclo pode começar. 

A carta, portanto, não nos fala apenas de sofrimento e de encerramento da vida, mas das sínteses e aprendizados que conseguimos fazer. A vida de nada vale se não estiver conectada com a morte, ou seja, o fato de sabermos que somos mortais nos faz tentar aprender o máximo quando estamos vivos.

Sintetizando em poucas ideias, a carta da morte nos remete a ideia de ciclos, encerramentos e aprendizados.

O hierofante

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Nossa próxima carta é chamada de hierofante e é a 11° carta do tarot egípcio. Sua representação, a priori, parece simples e com poucos elementos, mas contém em si ideias profundas e que podemos levar para o nosso cotidiano.

Descrevendo a carta, vemos no centro uma mulher com roupas sacerdotais, uma coroa com um abutre e uma serpente em seu topo. A sacerdotisa está com suas mãos sobre um leão, que parece obedecê-la, mas que mantém sua boca sempre aberta. 

Antes de explicarmos seu simbolismo, precisamos entender que hierofante é um termo designado nas culturas antigas para um alto sacerdote. Por essa pista já podemos compreender que a mulher com vestimentas cerimoniais provavelmente simboliza uma sacerdotisa. Em sua coroa os dois animais chamam atenção por serem bem presentes na cultura egípcia: a serpente era o símbolo de Sabedoria por excelência, o que nos mostra que provavelmente essa mulher é uma sábia, ou seja, aquela que conhece a Sabedoria do mundo.

Junto a serpente, ainda temos na coroa um abutre, representação da Deusa Nekhbet. Na mitologia egípcia, essa Deusa representava a ideia de renovação, pois comia a matéria morta para dar lugar à Vida. Por esses dois símbolos podemos compreender que a sacerdotisa tinha esse aspecto da Sabedoria junto a si, além de apontar que a Sabedoria e a renovação andam lado a lado.

Aquele que não sabe renovar-se, ou seja, compreender os ciclos que acontecem internamente, dificilmente chegará à Sabedoria. Pensando nisso, será que sabemos como renovar nossas energias e nosso ânimo para continuar vivendo e dando nossas batalhas? Durante a rotina normalmente perdemos essa ideia de renovação de vista, uma vez que ficamos imersos em nossos horários e compromissos. Por consequência acabamos acumulando muitas sujeiras e bloqueando nossa trilha para a Sabedoria, que sempre deve ser a mais limpa e pura possível.

E nesse momento podemos falar do leão, o qual a sacerdotisa está domando. Ele simboliza nossos instintos que, tal qual a força do rei da selva, busca nos devorar se não soubermos como pará-los. Quando nossos desejos passam a nos dominar, ou seja, só fazemos aquilo que o nosso desejo quer, isso pode nos causar muitos problemas. Um deles é a falta de Discernimento: passamos a querer o que desejamos a toda hora e em qualquer situação, o que acaba nos levando a cometer atos que nos arrependemos amargamente depois.

A todo momento, se observarmos com atenção, esse leão está tentando nos devorar: em nossas relações pessoais, no trabalho, no trânsito e até antes de dormir. Por isso que a sacerdotisa o doma, isso significa que é preciso controlar nossos instintos e não ficarmos reféns das circunstâncias. O problema, porém, é que não costumamos ter o nível de atenção e disciplina para alcançar a Sabedoria e dominar nossos prazeres, logo, as presas desse grande leão chamado instinto acaba nos acertando.

Portanto, podemos resumir em algumas ideias a carta do Hierofante: a Sabedoria e a Renovação andam juntas; para chegar a Sabedoria é preciso domar os instintos; e o instinto está pronto para lhe devorar a todo momento.

Vamos chegando ao final de mais um texto da série desvendando os tarots egípcios. Espero que todos tenham gostado das cartas e que possamos carregar conosco pelo menos uma das ideias apresentadas. Se conseguirmos integrá-las, no sentido de não apenas compreender intelectualmente mas vivê-las, já teremos caminhado rumo à evolução.

Por fim, não perca os próximos textos da nossa série e continue nos acompanhando nessa misteriosa e bela jornada chamada Vida. Até a próxima! 

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