William Shakespeare foi um gênio da literatura inglesa e mundial. Em sua obra mais conhecida, Romeu e Julieta, ele consegue unir o aristocrático estilo inglês com a passional atitude italiana. Guardada as devidas proporções, é o que fazem Jose Rivera e Tim Sullivan no delicioso filme: Cartas para Julieta.
No filme nós acompanhamos a história de Sophie (Amanda Seyfried), uma aspirante a escritora nova iorquina que vai à Verona em uma espécie de lua de mel antecipada com seu noivo Victor. Ele está na véspera de abrir um restaurante e não perde a oportunidade de estar no país das massas e dos vinhos para aprender sobre a culinária e comprar produtos de qualidade. Isso termina por frustrar Sophie que esperava umas férias românticas. Para passar o tempo, ela vai até a casa em que foi filmado o filme Romeu e Julieta de Franco Zefirelli e que se tornou ponto turístico, conhecido como “A casa de Julieta”. Turistas de todo o mundo escrevem cartas para a ex-moradora ilustre contando as dores e alegrias de seus amores. Sophie percebe que uma mulher recolhe as cartas deixadas e ao segui-la descobre um pitoresco grupo que responde às cartas.
Entusiasmada com a ideia, ela ajuda a recolher as cartas deixadas para Julieta e descobre uma muito especial deixada há cinquenta anos. A dona da carta é Claire, uma jovem que pede desculpas por não ter tido a coragem de viver um grande amor. Ela deixou seu amado, Lorenzo Bartolini, esperando-a para fugir e voltou a Londres. Sophie decide responder à carta, e isso leva Claire até a Itália, na esperança de reencontrar seu grande amor. Junto com ela está Charles, seu neto superprotetor, que desde o início antipatiza com Sophie, por medo de ver sua avó sofrer. Começa então a aventura dos três em busca de Lorenzo Bartolini. Essa viagem vai ensinar muitas coisas sobre como o Amor é filho da Ação!
A grande maioria de nós está em busca de um grande Amor! O Amor é uma força incrível que nos leva ao melhor de nós. O seu oposto é o ódio, e isso nos ajuda a delimitar de que lado o ciúme está. Ciúme é possessão e frequentemente nos leva à ira. Portanto, não pode participar do Amor. Mas, estamos divagando, uma vez que Cartas a Julieta não é um filme sobre ciúmes!
O filme dirigido por Gary Winick fala sobre o tempo de amar! Claire esperou cinquenta anos para realizar o seu encontro. Sophie espera há muito tempo para se tornar escritora. E você espera para realizar algo importante?
O tempo é essa dimensão que nunca volta, nunca para e sempre é. É como um rio que corre eternamente e nós passamos alguns momentos nos banhando em suas águas. Um dia nos afogaremos e ele continuará soberano. Assim, nos resta uma escolha: podemos ser pedras, resistindo a ele, ou podemos ser peixes nadando em suas correntes, aproveitando o máximo que pudermos.
E o que significa ser peixe? Significa saber que o tempo passa e, por isso, perceber que o único momento que podemos desfrutar é o presente. Quem vive no presente não abandona seu passado. Pelo contrário, faz as pazes com ele e se pergunta: como ele pode me ajudar a construir o meu futuro? Abandonar o passado seria renunciar às lições que ele guarda para nós. Todavia, não podemos ficar presos ao que passou. O passado só serve se nos impulsionar a agirmos hoje! Arrependimento, culpa, mágoa, nostalgia excessiva, tudo isso te prende no tempo que se foi e te rouba o maior dos presentes, o agora.
Escreva as cartas de amor e não se importe se elas são ridículas! Fernando Pessoa, grande poeta português, nos disse “que todas as cartas de amor são ridículas”. Mas também que “afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor são ridículas”. Não deixe sua vida se tornar um eterno quase foi! Faça com que todo o tempo seja seu! Mergulhe na vida de cabeça e viva! E leve sempre com você o que você tem de melhor! Afinal, de que adianta nadar nas águas da vida sendo vingativo, rancoroso, egoísta, mau humorado? Lembre-se que você não está nadando sozinho e a viagem fica muito melhor com Generosidade, Justiça, Bondade e Amor.
Ah, o Amor! Dele partimos e a ele voltamos! Talvez seja o Amor a única coisa capaz de vencer o tempo. O Amor de Nefertiti e Akhenaton nos deslumbra até hoje. O amor de Shah Jahan e Mumtaz Mahal está imortalizado no grandioso Taj Mahal indiano. E a história de Edward VIII, herdeiro da coroa britânica, que abandonou o trono para se casar com Wallis Simpson? Todas continuam vencendo o tempo e sendo atuais até hoje.
Se você perguntar qual é a grande mensagem em comum entre as religiões, de uma forma ou de outra, elas dirão que a resposta é o Amor. Talvez devêssemos dizer: amo, logo sou Humano. Essa capacidade de ser o melhor para o outro é um traço evolutivo de nossa espécie. É o que garante a nossa sobrevivência e o que nos permite viver unidos.
Então, não faça como a Claire, deixando o medo te impedir de amar; nem como a Sophie, aceitando pouco por medo de mudar! Ao mesmo tempo, faça como a Claire e não se importe com o momento em que escolheu amar! Desde que decida e faça isso hoje, pois para as coisas do coração, nunca é tarde demais. Assim, faça como a Sophie. Pare de viver somente as grandes histórias de amor dos outros e vá em busca da sua! Mesmo que isso signifique abandonar algumas coisas.
Aproveita e amplia sua capacidade de Amar. Comece amando alguém; passe então a amar mais pessoas, da forma que lhe parecer adequada. Esforce-se para amar os animais, as plantas, os seres, todos eles! Ame seu corpo, foi com ele que você veio até aqui. Ame seu cabelo, seu emprego, ame até suas dores. Elas são necessários tropeços para que você endireite a caminhada.
E considere escrever uma Carta para Julieta após ver o filme e ler esse texto. Talvez você tenha bons motivos para agradecê-la.