Todos nós construímos certezas ao longo da vida. Criamos ideias acerca do mundo e as fixamos, de modo que às vezes temos dificuldade em mudar nossa maneira de pensar. Podemos chamar esse modo de enxergar o mundo de dogmático, quando não nos sentimos receptivos a novas ideias. Ao ter essa postura diante da vida é comum sentirmos que a vida é estática, ou seja, nada evolui ou muda. Mas será que ter pontos de vista e ideias fixas e intransigentes nos ajuda a melhorar nossas relações?
Primeiramente, é importante entendermos que, em maior ou menor grau, todos nós temos algumas ideias que, para nossa realidade, são dogmáticas. Entretanto, é fundamental começarmos a refletir se essas ideias estão nos deixando melhores, ou se elas nos limitam em nossa evolução. Na maioria dos casos, perceberemos que é necessário ressignificar alguns posicionamentos e posturas e aprender o valor que há em cada uma dessas ideias. Portanto, para evoluirmos se faz necessário uma autoanálise, uma investigação profunda acerca do que pensamos, sentimos e como agimos, além de repensar se o que fazemos hoje está de acordo com o que queremos ser. Mas como podemos fazer essa mudança? Como olhar para a vida com outros olhos, de modo que possamos percebê-la de maneira diferente da que conhecemos e consolidamos? Um primeiro e importante passo nessa transformação é a Ressignificação.
A palavra “ressignificar” é um neologismo de nossa língua, ou seja, é uma palavra derivada de uma outra que já existe. Nesse caso, ressignificar é derivado da palavra “significado” e nos remete a necessidade de encontrar novos sentidos para experiências e ideias que já vivemos. A primeira vista, ressignificar parece uma tarefa simples e básica, mas na prática é um exercício difícil e com diversas camadas, pois há momentos e sentimentos tão enraizados em nossa vida que não são simples de resolver.
Imaginemos, por exemplo, que desde cedo fomos levados a acreditar que devemos ser o melhor em tudo que fazemos, seja em esportes, nos estudos, no trabalho ou em qualquer outro ambiente. Nos ensinaram a ser o mais competitivo possível, logo, após anos vivendo sob essa ideia, como provavelmente nos relacionamos com o mundo à nossa volta? É razoável achar que enxergamos o mundo como um campo de batalha e que não há companheiros ao nosso redor, mas sim competidores. Indo além no exemplo, será que essa mentalidade nos ajudará a sermos Seres Humanos melhores? Ou será que ela, quando levada a extremos, pode ser muito prejudicial à nossa saúde física e psicológica?
Aqui se mostra a necessidade de ressignificar ideias, sentimentos e ações. Quando paramos para analisar nossas relações, conosco e com as pessoas à nossa volta, podemos perceber que não precisamos ressignificar apenas o nosso modo de pensar, mas também a maneira como agimos com quem está diariamente convivendo conosco. Sabemos que em qualquer relação humana, seja entre familiares, namorados ou mesmo colegas de trabalho, haverá atritos, isso é natural. O nosso problema é que, em alguns casos, acabamos não resolvendo o problema que foi gerado, guardando mágoas, rancores e julgamentos para com a pessoa que temos dificuldade em nos relacionarmos. Acabamos, ao longo do tempo, minando nossas relações por não conseguirmos superar a dor que nos foi causada, ou que causamos, e isso afunda a convivência em uma areia movediça, que quanto mais remoemos, mais nos leva para baixo.
Por isso é importante estarmos atentos não apenas às nossas ideias, mas também ao que sentimos. Se olharmos para dentro de nós poderemos encontrar, provavelmente, uma mágoa que está instalada em nosso coração há muito tempo e, necessariamente, será importante que consigamos ressignificá-la também. Ressignificar essas emoções é um modo efetivo de perdão, de empatia e de desenvolvimento do Amor para com o outro. Quando conseguimos olhar para uma experiência que nos foi dolorosa e enxergar o que foi possível aprender a partir dela, passamos a encarar aquele fato não apenas como um momento de sofrimento, mas também de evolução.
Do mesmo modo, em nossas relações é preciso passarmos a observar por outros ângulos alguns momentos de dificuldade e tensão. É preciso, acima de tudo, aprender com os erros e perdoar, para que mais uma vez, possamos ressignificar o valor das nossas amizades, amores e tudo que nos aflige em nossas relações. Para isso, é preciso que nossos sentimentos sejam colocados em prática, ou seja, precisamos agir de maneira diferente para que obtenhamos resultados diferentes. Ao observarmos nossas ações poderemos perceber em que situações nos equivocamos e assim podemos nos reposicionar quando encararmos, mais uma vez, o momento. Se, por exemplo, gritamos com alguém que nos tira a paciência, é preciso ressignificar o modo que agimos. É provável que nossa ação, que muitas vezes é apenas um reflexo de uma emoção, esteja piorando uma situação que já não é tão agradável.
O que devemos entender, portanto, é que não basta ressignificar apenas nossas idéias, mas sim tudo que nos compõe: desde o que pensamos até as nossas ações. A bem da verdade, à medida que vamos construindo novas ideias e observando a vida de um outro ângulo, tendemos a mudar certas posturas e ações cotidianas. A isso chamamos de evolução, pois passamos a ser mais conscientes dos nossos atos e buscamos melhorar nossa maneira de relacionar-se com o mundo. Por isso ressignificar nossas experiências e pensamentos é um modo de avançarmos em nossa evolução enquanto Seres Humanos.
Ao aprendermos a ressignificar, um novo mundo surge ao nosso redor. Passamos a enxergar a dinâmica da vida e a observá-la com um olhar de juventude: sempre dispostos a aprender e a descobrir as causas por trás dos acontecimentos. Os dogmas, que antes nos enrijeciam e limitavam nosso olhar, passam a ficar cada vez menores frente às possibilidades de mudança e percepções que vamos descobrindo, tanto dentro como fora de nós.
Por fim, ressignificar é aprender todos os dias o que a vida busca nos ensinar. É olhar para nossa história e compreender, mesmo que parcialmente, um novo ponto de vista. Quando estamos comprometidos com essa ideia, a evolução passa a ser uma regra diária, em que observamos quem somos e aprendemos com todos ao nosso redor. Desse modo não há espaço para intolerância, dogmatismo ou posturas inflexíveis, mas sim receptividade e reflexão. Certamente, ao mergulharmos em nós mesmos teremos como uma arma mágica a capacidade de ressignificar nossas experiências e construir, dia após dia, um futuro Harmônico e Virtuoso para nós e para todos que convivemos.