O Simbolismo da Cabala

O Universo é enigmático. Como disse há alguns séculos Isaac Newton, “o que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um Oceano”. De fato, quando nos debruçamos acerca de temas espinhosos como “o que é a Vida?”, “a Morte”, “Deus”, citando alguns exemplos, ficamos sem ter uma resposta. Isso porque ainda vivemos sob os seus Mistérios. Há quem passe uma vida inteira e, infelizmente, chegue ao fim sem saber a razão de existir, para onde vai e o que existe quando deixar essa existência. Existe um meio de sabermos sobre isso?

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As religiões, cada uma à sua maneira, nos apresentam algumas respostas. Em seus livros sagrados escondem-se pistas e símbolos que, para os que conseguem decifrá-los, revelam todos os Mistérios que o Universo possui. O problema é que, na grande maioria dos casos, não sabemos decodificar esses símbolos, muito menos os enxergamos. O mais comum, quando paramos para fazer a leitura de um desses manuais religiosos, é acharmos que as informações que estão naquelas páginas não passam de pura fantasia, uma história sem nexo que nada tem a ver conosco.

Entretanto, há quem diga que possa ser possível encontrar a Verdade dentro desses livros. Para tanto, é preciso um método para extrair o mais profundo significado das passagens contidas nessas escrituras, e hoje falaremos um pouco sobre um desses sistemas de decodificação: a Cabala.

Em síntese, podemos definir a Cabala como um sistema de ensinamentos baseado na tradição judaica. A sua etimologia vem do hebraico e significa “recepção”, o que em si já demonstra um caráter de buscar aprender acerca da Natureza Divina. Ao analisar a Torá, o livro sagrado do povo judeu, os cabalistas acreditam encontrar chaves para grandes Mistérios do Universo como Deus, o Homem, a criação e outros tópicos que tanto permeiam nossos questionamentos mais profundos. 

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Historicamente, a Cabala foi desenvolvida entre os séculos XI e XIII a partir da Zohar, um importante livro para a literatura cabalística. Porém, a tradição Judaica aponta que o estudo sistemático da Torá, que hoje denominamos Cabala, já ocorria desde o século I e II. Há ainda tradições mais antigas que atribuem o início do conhecimento cabalístico ao anjo Raziel, que teria transmitido seu conhecimento para Adão.   

Deixando um pouco de lado as datas, podemos nos basear que a partir da criação da Zohar o estudo místico do judaísmo passou a ser difundido pela Europa. Segundo a Zohar, que é um livro tão importante quanto a Torá para os praticantes da Cabala, o estudo do livro Sagrado judaico requer quatro níveis de interpretações: o primeiro é o literal, em que o significado está claro e objetivo; depois há o alegórico, em que o ensinamento está revestido de símbolos e parábolas; o terceiro seria o rabínico, no qual um sacerdote desenvolveria um estudo comparado para chegar a síntese do ensinamento; e o quarto e último seria o esotérico, ou interno, em que somente um pequeno grupo de praticantes teriam acesso e nível para compreender o significado dos ensinamentos.

Esse é um ponto importante para refletirmos sobre a profundidade desses ensinamentos tão antigos que as religiões carregam. Primeiramente, devemos compreender que uma Sabedoria antiga sempre irá, necessariamente, revestir-se de camadas para proteger àqueles que podem ter acesso a esse tipo de conhecimento. Para compreendermos melhor, imaginemos, por exemplo, o perigo de se ter uma arma de fogo em casa ao alcance de crianças, que não sabem manejar o instrumento bélico, mas que possuem muita curiosidade em usá-lo. Para proteger as próprias crianças e as pessoas que vivem na casa, os pais escondem e colocam a arma em um local onde as crianças não conseguem chegar. Do mesmo modo ocorre com esses ensinamentos, que revelados para pessoas com más intenções podem causar um grande problema, para si e para os demais.

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Se hoje achamos, por exemplo, que tais histórias são irreais ou que não fazem o menor sentido, talvez estejamos apenas absorvendo a camada mais superficial de interpretação e não estamos conseguindo acessar o verdadeiro conhecimento escondido nas páginas desse livro Sagrado. Entretanto, se mergulharmos em seus ensinamentos é possível que percebamos que estávamos enganados ao achar que não há Verdades profundas guardadas em símbolos e parábolas.

Dentro da Cabala uma das representações mais marcantes diz respeito à árvore da vida. Em linhas gerais,  esse sistema hierárquico divide o Universo em dez partes. O interessante desse ensinamento cabalístico é que ele refere-se tanto ao Universo, ou seja, o macrocosmos, como também faz referência a estados de consciência que todos nós vivemos. Logo, a árvore da vida é um sistema que serve ao Todo e também ao Indivíduo, podendo trazer importantes chaves para nossa vida pessoal e, ao mesmo tempo, nos revelar a Natureza Divina do Universo. 

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Ao longo do tempo diversas formas de transmissão da Cabala foram desenvolvidas. Atualmente o estudo da Cabala está fragmentado em diversos grupos que não são necessariamente judaicos. São, em sua maioria, pessoas que buscam conhecer os Mistérios do Universo através do esoterismo. Cada um de nós busca conhecer os Mistérios da Natureza por meio de algo: há quem os compreenda pela Ciência, outros pela Arte e há quem os alcance por meio da Religião. Seja por qual caminho for, sempre que nos dispomos a investigar a Vida chegamos a uma só conclusão: que estamos conectados com a Natureza e não podemos nos enxergar fora dela, mas sim como parte integrada do Universo. Que possamos, portanto, cada vez mais nos aproximar das Verdades e desvelar os enigmas que se escondem de nossa compreensão. Um dia, quem sabe, poderemos todos nos reunir em um ponto mais alto e enxergar que não importa o caminho escolhido desde que continuemos a evoluir.

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