Você sabe o que são solstícios e equinócios?

O encontro dos raios do Sol com o nosso planeta sofre muitas variações ao longo do ano, em algumas datas, os raios são mais intensos no Hemisfério Norte e menos no Sul, já em outras datas, eles incidem perpendicularmente sobre o centro do planeta, de forma que a iluminação dos hemisférios fica distribuída igualmente, tanto para o Norte quanto para o Sul. Curiosamente, podemos perceber esse mesmo movimento em nossa Vida. Há fases de maior iluminação, em que as ideias estão mais claras e tudo tem mais energia, é mais vibrante. E há fases mais confusas, quando os pensamentos parecem um emaranhado complicado e o ânimo fica comprometido. É como se também passássemos por verões e invernos interiores. Para aprendermos a administrar essas fases da Vida, precisamos entender como funciona o esquema da Natureza.

Isso acontece na Natureza porque, como vimos nas aulas de geografia física e como está ilustrado na figura acima, o nosso planeta gira em torno do seu próprio eixo e, ao mesmo tempo, percorre uma trajetória elíptica em torno do Sol, estando inclinado em relação ao plano dessa trajetória. Esse movimento em torno do seu próprio eixo é o movimento de rotação, que dura vinte e quatro horas, formando os dias e as noites. Já o movimento em torno do Sol é o movimento de translação, que dura doze meses, formando o ano. Do mesmo modo, em nossa Vida, essas fases de insolação intensa e de distanciamento da luz, dependem do quanto inclinamo-nos para o nosso Sol interno. Todos temos dentro, no mais recôndito de nós mesmos, um centro que nos governa, assim como acontece na Natureza. Assim como o sistema solar tem um centro, nossa alma também tem esse foco central onde a iluminação e a chama do entusiasmo são intensas, o ponto de onde emana a energia da Vida. Podemos nos aproximar desse ponto ou nos distanciar dele, dependendo de como agimos. 

Observe que, como a Terra possui uma inclinação, em alguns momentos a parte de cima, que é o Hemisfério Norte, estará mais iluminada, enquanto que a parte de baixo, o Hemisfério Sul, estará com menos insolação. Mas também haverá momentos em que a inclinação do planeta será irrelevante em razão da distância do Sol, que iluminará igualmente ambos os hemisférios. 

Ao longo de milhares de civilizações, a cultura humana observou e registrou esses momentos correlacionando-os com seus efeitos na Natureza. É dessas descobertas que surgem os solstícios e os equinócios. Solstícios são as datas do ano em que a insolação é máxima em um hemisfério e mínima no outro, e acontecem sempre nos dias 21 de junho e 21 de dezembro. No Hemisfério Norte, o solstício de 21 de junho se refere ao Solstício de Verão, o dia mais longo do ano. Já no Hemisfério Sul, essa mesma data marca o Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano. No solstício de 21 de dezembro, essa posição se inverte: o Hemisfério Sul vive o seu dia mais longo e o Hemisfério Norte a sua noite mais longa.

Esses movimentos da Terra em relação ao Sol acontecem também dentro de nós. Às vezes, a noite é longa em uma região do nosso Ser; e em outro período, os dias ficam mais claros e duram mais. Quem nunca passou por um momento difícil na Vida e depois percebeu que aquela fase, de algum modo, o estava preparando para outra de maior iluminação e maturidade? Esses são os nossos solstícios internos. Os Solstícios de Inverno são propícios para a autorreflexão. Nessas datas, seguindo a Natureza, quando a Vida se recolhe, as tradições místicas costumavam fazer rituais de retirada, numa espécie de autoexílio. Já os Solstícios de Verão estão relacionados com um movimento inverso, ou seja, estão mais ligados ao engajamento, à participação comunitária, é quando a Vida se expressa e fica visível para todos. 

Mas, como visto na figura acima, há datas em que nenhum dos hemisférios está inclinado em relação ao Sol, de modo que os raios atingem a Linha do Equador, ou o meio da Terra, iluminando igualmente os dois hemisférios. Isso ocorre duas vezes no ano, em 20 de março e em 23 de setembro, tornando os dias iguais às noites. Em março, é o Equinócio de Primavera no Norte e de Outono no Sul. Em setembro, a situação se inverte: Outono no Norte e Primavera no Sul. Os equinócios representam momentos sagrados de equilíbrio das polaridades, onde os dias e as noites são iguais. O de primavera marca o florescer das sementes, que até então estavam no seio da terra durante o inverno, em processo de germinação. Nessa estação das flores, devemos reunir tudo que está dentro e trazer para fora, servindo e embelezando a Vida com as flores que nascem em nossos corações, que são as Virtudes. Já o de Outono está relacionado com uma fase de preparação para o inverno. É a estação dos frutos, por isso devemos trabalhar para oferecer ao mundo o que temos de melhor. Nutrir e alimentar especialmente a Vida Interior, para suportar o inverno que está por vir. Nessa fase, devemos inundar nossa alma com muita iluminação e força.

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Veja que é um sistema inteligente, em que cada movimento, cada inclinação, cada variação de incidência de raios sobre a superfície terrestre, desencadeia uma série de efeitos na Vida do planeta e em nossas Vidas, consequentemente. Um jeito adequado de olhar para isso tudo é vê-lo como um único sistema, integrado, como uma máquina, ou um organismo, que envolve Sol, Terra, Natureza e Seres Humanos. 

Os achados arqueológicos dão sinais de que culturas antigas, como os egípcios, os astecas, incas, maias, entre outras, olhavam para a Natureza a partir dessa perspectiva, de que também somos parte do Todo e, assim, participamos igualmente de todo esse esquema inteligente. Esse paradigma permitiu avanços significativos para essas civilizações em relação à interação com todo o Cosmos. Existem achados de calendários maias sofisticadíssimos, que revelam que eles tinham um profundo conhecimento de todo esse mecanismo do sistema solar.

A modernidade, de algum modo, nos afastou dessa perspectiva. Estudamos a Natureza como um objeto à parte, do qual somos senhores e podemos dominar, explorar e utilizar ao máximo. Hoje em dia, quais significados têm essas datas para a nossa civilização? Quase nem as conhecemos. Só estudamos essas coisas porque são objetos de provas escolares, e é isso que acontece predominantemente em todo o mundo. As antigas tradições, pelo contrário, celebravam essas datas com cerimônias sagradas, pois intuíam que esses fenômenos estavam profundamente ligados à nossa existência. E não somente no aspecto físico, mas também no psicológico e no espiritual.

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Hoje, o avanço da ciência e da tecnologia nos permite ter muitos conhecimentos sobre essa interação entre o planeta e o Sol; temos acesso a riquezas de detalhes que provavelmente nenhuma civilização antiga conseguiu ter. Porém, uma coisa é conhecer a Natureza racionalmente, outra coisa é se integrar conscientemente à ela. O conhecimento racional nos aproxima visualmente do fenômeno, mas só pela cerimônia e pela linguagem do Sagrado é que nos integramos conscientemente ao que a Natureza representa, pois no fundo, todo esse esquema inteligente é apenas sombra de algo muito mais profundo. Os efeitos físicos desses fenômenos são apenas as projeções de um movimento que acontece numa realidade mais interna, uma realidade invisível. Por isso, as antigas tradições marcavam essas datas com cerimônias em homenagem aos seus Deuses. É como se o calor do verão ou o frio do inverno fossem sombras projetadas aqui na Terra, mas que surgem do movimento de Seres Divinos e de uma Luz Espiritual que vem de outro plano.

O conhecimento técnico do sistema solar é apenas um domínio dessas sombras. O que os egípcios, sumérios, acádios e todas as tradições meso-americanas tinham que não temos hoje era contato com a essência oculta que isso tudo revela. Sendo assim, precisamos ir além das formas. Mas como fazer isso?

Buscar o que está por trás do símbolo e desenvolver uma atitude de respeito por essas datas, já é um bom começo. Diante de um Solstício ou de um Equinócio, silencie e sinta o sublime, sinta-se integrante de toda essa cosmogonia, interaja com o Mistério que está impregnado em toda a sua existência. Perceba que no Inverno, algo também se recolhe dentro de você; na Primavera, algo floresce em seu coração. Esse é um exercício simples, mas já é um começo para um acesso mais profundo à realidade.

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