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Francisco de Assis: uma vida doada à humanidade

Quando boa parte da humanidade vivia um dos pontos mais baixos de sua história, a Idade Média – período em que houve ódio, ofensa, discórdia, dúvida, erro, desespero, tristeza e trevas –, encarnou na Terra uma alma forte e virtuosa que transformaria tudo isso em amor, perdão, união, fé, verdade, esperança, alegria e luz. Assim foi a tônica de vida de São Francisco de Assis, levando o que havia de melhor, onde antes não se tinha nada.

Francisco viveu em um período de trevas na Europa, quando as condições de vida eram péssimas. Batizado como Giovanni di Pietro Bernardone, Francisco nasceu na cidade de Assis (daí vem o nome Francisco de Assis) em 1181. Como sabemos, a Europa nesse período vivia o que chamamos de “Idade Média”, em que a religião era o único alicerce e ponto de unidade entre as pessoas. Nesse período, também chamado de “idade das trevas” os dogmas cristãos permearam toda a cultura, e com isso as opções de busca pelo conhecimento eram limitadas. Em verdade, quase todos os homens e mulheres do medievo eram analfabetos, limitando-se a conhecer apenas as palavras da bíblia, das quais só tinham acesso pelos clérigos. Estes, por sua vez, apesar de instruídos, nada mais conheciam além do livro sagrado do cristianismo. As cidades estavam repletas de doenças devastadoras, a lei era imposta de cima para baixo, deixando os ricos e poderosos ainda mais fortes. A pobreza era a sina para se carregar por toda a vida quando não se nascia dentro de um castelo. 

É nesse mundo que viveu o jovem italiano Giovanni, mais tarde convertido como Francisco. A bem da verdade, Giovanni teve uma vida bem melhor do que a grande maioria das pessoas do seu tempo. Seus pais eram comerciantes de sucesso, e por isso Giovanni conseguiu ter uma vida com um certo conforto material. Nesse aspecto, o começo de sua vida se assemelha à de Santo Agostinho, que, antes de se converter ao cristianismo, vivia uma vida mundana e cheia de prazeres materiais. Conta-se em sua biografia que bebia um pouco, cortejava e usufruía da fortuna da família como qualquer outro o faria em seu lugar. Mesmo assim, se dizia pela cidade de Assis que era uma boa pessoa, de índole correta e postura humana.

Antes de buscar o caminho da fé, Giovanni foi um guerreiro. Tentou por duas vezes ingressar na carreira das armas, mas o destino, chamemos assim, não quis. O fato é que as histórias de cavalaria o encantavam, e sua busca era se tornar um herói aos moldes desses nobres soldados. Porém, São Francisco deveria ser santo, não um Dom Quixote medieval. Assim, sua saúde não permitiu que conseguisse ingressar nas ordens de cavalaria, e foi nesse momento, tentando achar um rumo, que a religião fez brilhar seus olhos e seu espírito. O chamado para a fé veio, de acordo com seus biógrafos, quando o jovem escutou Deus lhe indagar sobre a Igreja, que estava em ruínas e precisava ser reerguida. Como existia uma velha igreja abandonada na região, Francisco angariou recursos e doou tudo para o padre local, para que fosse realizada a obra que lhe teria sido pedida pelos céus. No entanto, talvez não fosse da igreja local que se tratava aquele pedido, mas sim da Igreja Católica como um todo, que vinha de uma fase de desmoronamento moral, que se afastava cada vez mais do Cristo e da fé professada por Ele.

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Entretanto, nem todos aceitaram bem a decisão de Francisco. Seus familiares, principalmente seus pais, acharam a atitude impensada, afinal, como comerciantes, seus valores estavam voltados para a riqueza material e muito pouco para o espírito. Atacado por seu pai, que não permitia que mantivesse contato com o padre, Francisco decidiu devolver à família tudo que possuía, incluindo as roupas do corpo, e seguiu definitivamente pelo caminho que o eternizou. 

Um outro momento que lhe deu a certeza sobre o caminho que escolheu foi o encontro que teve com um doente de lepra. Contrariando a repulsa que normalmente as pessoas sentiam – e sentem – por doentes acometidos por essa doença, foi até ele, o cobriu com um manto, e o beijou. Então, ali ele se tornaria a chama eterna da humanidade, e por onde houvesse trevas, levaria luz.

Entre 1208 até 1223, a vida de Francisco de Assis foi dedicada à construção da obra de Deus. Uma vida humilde e com convicção. Peregrinou por diversos locais da Europa até chegar ao Oriente Médio, onde viu o Império Árabe árabe derrotar os cristãos na quinta cruzada. Homem de fé, São Francisco tentou reformular alguns aspectos da Igreja do seu tempo, mas não foi bem sucedido. Assim, fez com que sua vida se tornasse um verdadeiro ato de sacrifício e serviço em nome da cristandade.

São Francisco foi um homem de muita vontade, que seguia à risca o que se dizia sobre a dura vida de Cristo na bíblia, adotando para si, e posteriormente para a ordem de Franciscanos, a regra de possuir apenas uma túnica e um par de sandálias, pois apenas vivendo em pobreza material seria possível alcançar a nobreza do espírito. Desse modo, seus seguidores deveriam fazer igual voto de pobreza, não usufruir de qualquer riqueza e ajudar a todos, principalmente aos pobres e enfermos. Ficou conhecido como amigo dos desfavorecidos, pois não os evitava, como era comum; mas, pelo contrário, ia até eles e os abrigava em seu amor e compaixão.

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Ainda em vida, São Francisco foi capaz de inspirar muitos fiéis a enxergar a fé cristã de maneira mais otimista e positiva. O temor do inferno e das punições pelos pecados humanos, que fazia com que os cristãos vivessem desiludidos e com constante sentimento de pânico espiritual, deu lugar à esperança de aceitação do Céu, quando Francisco ensinou sobre generosidade e amor ao próximo, dando a muitos um sentido de vida, uma razão para continuar acreditando.

Homenageado no dia quatro de outubro, no Brasil, São Francisco de Assis se tornou uma figura importante ainda em vida, cerca de oito séculos atrás, e goza do mesmo respeito e admiração até hoje, sendo, talvez, a figura mais importante que surgiu no cristianismo, depois do próprio Jesus.

Com ele podemos aprender que generosidade não é doar o que nos sobra, mas sim gerar e construir o que o outro precisa. Também podemos aprender que amar ao próximo não se restringe à nossa família e aos nossos amigos, mas deve se voltar a toda criação, principalmente aos que mais precisam de ajuda: pobres, enfermos e até os que mais precisam de iluminação, como os criminosos, pois amar não é consentir, é querer ver aflorar no outro o bem que existe no espírito, na fé. E o mais importante, São Francisco nos ensina sobre ação. Isso porque amor com movimento é vida. Amar ao próximo, e gerar o bem para dar àqueles que mais precisam dele, é o maior ato de generosidade que se pode ter. Independente de crença, todos nós deveríamos nos inspirar no seu exemplo, pois, sem dúvida, isso faria do mundo um lugar melhor.

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