O que Podemos Aprender com a Força, a Velocidade e as simbioses da águia Harpia?

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Quando os colonizadores europeus chegaram ao sul do nosso continente se depararam com uma espécie de águia cujos padrões de Força, Velocidade, Beleza, Ardilosidade e Integração com o ambiente os impressionaram muito. Passaram a chamá-la de “harpia” em razão da semelhança com os seres mitológicos de mesmo nome, presentes nas obras clássicas de Hesíodo e de Virgílio.

Essas aves, também conhecidas como Gavião-Real, são capazes de arrebatar com suas garras animais como carneiros, macacos, bichos preguiça, serpentes, entre outros. Suas asas abertas podem chegar a 2,5 metros de comprimento, seus vôos podem atingir velocidades acima de 100 km/h e sua potência de visão é oito vezes maior que a Humana. Suas características de Poder e Altivez inspiraram a construção de muitos símbolos nacionais. Ela aparece no brasão do Panamá, aparece também em vários brasões de estados brasileiros: Paraná, Mato Grosso e Rio de Janeiro. O Comando de Operações Táticas da Polícia Federal Brasileira também se inspirou na harpia para construir a imagem de seu escudo. Há ainda um esquadrão da Força Aérea Brasileira, conhecido como Esquadrão Harpia.

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Há aspectos nessas aves que ainda estão sendo estudados, como sistemas muito sofisticados de simbioses. Um criador brasileiro, Roberto Azeredo, diz que recebeu uma harpia repatriada da Alemanha, com um problema de saúde grave. No criatório brasileiro, ele percebeu que começou a se formar um movimento de abelhas na região do nariz da ave doente. Tal foi sua surpresa ao notar que aquilo era um sistema de simbiose, ou seja, era um sistema de ajuda mútua entre as duas espécies. As abelhas retiravam material de dentro do nariz da ave para construírem sua colmeia, e em troca, a águia melhorava a sua qualidade respiratória em razão da purificação do ambiente interno das suas vias aéreas. Outra simbiose que ele percebeu foi na relação da harpia com as formigas carnívoras que invadiam o ninho da ave, mas não atacavam os filhotes. As formigas se alimentavam somente dos restos de alimento que caíam no ninho. Dessa forma, o ambiente se mantinha limpo para os filhotes.

Para o filósofo Platão, o que vemos na Natureza é o reflexo de Ideias Perfeitas. Dessa forma, todos os seres são manifestações, ou “sombras”, de alguma ideia. Seguindo esta linha de pensamento, entendemos que por trás de cada ser existe um ensinamento a ser compreendido. Quando pensamos na harpia, refletindo sobre a força dessa ave, a precisão de seus ataques e as tão harmônicas relações simbióticas com outros animais, percebemos Valores muito pedagógicos para a Alma Humana. Com relação às suas presas, somente são capturados pelas suas garras aqueles animais que por algum momento estiveram dispersos, ou que não resistiram o suficiente, é como se a Natureza estivesse fazendo uma seleção para que a Vida traga à existência seres mais prudentes, mais rápidos, mais resistentes. Nesse sentido, a harpia manifesta um aspecto Purificador da Natureza, que limpa o mundo natural das espécies mais vulneráveis . Aprendemos com isso que quando somos frágeis, lentos e dispersos, estamos na contramão da lógica da Natureza e estamos correndo riscos. Precisamos cultivar em nós a Força, a Garra, a Coragem e a Visão de longo alcance das águias, mas isso não se faz por um lance de sorte ou por um determinismo natural. No reino Humano, somos “águias” por Vontade, precisamos querer profundamente ser Fortes, precisamos querer ser Atentos, Corajosos e Produtivos. Se não cultivarmos Vontade para isso, a tendência é cairmos na vala comum dos inertes, lentos e preguiçosos. Queiramos ser Fortes, queiramos ser Visionários, queiramos ter Garras… E assim seremos.

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Claro que esta ideia de sobrevivência do mais forte, não pode ser aplicada de maneira literal para a nossa realidade Humana. Pois a lei da competição, que é a realidade da vida selvagem, deve ser substituída pela lei da Cooperação, para os Seres Humanos. Porém, mesmo sendo uma ave de rapina, marcada por características ligadas à caça, esta ave também está envolvida em mecanismos tão sutis de simbiose com outros seres, que pode nos ensinar muito também sobre a ideia de Cooperação, algo que ainda é tão inconsciente em nosso mundo. Os sistemas vivos coexistem a partir da troca justa. As abelhas precisam do material para a colmeia e a harpia precisa de um sistema eficiente de respiração e assim a troca se faz.

O nosso mundo contemporâneo é o resultado de um processo de ruptura com os padrões da Natureza. Isso teve início quando começamos a enxergá-la como algo a parte de nós mesmos, como se a Natureza fosse algo que deveríamos dominar, explorar e subjugar, enquanto os Homens seriam algo à parte e independente. A questão é que a Natureza tem bilhões de anos, detém padrões muito Sábios de sobrevivência, e a nossa subsistência somente é possível dentro dessas Leis Naturais que estão presentes nela. A ruptura com esses padrões nos leva ao desequilíbrio e à morte.

Por isso, devemos olhar para a harpia como um forte símbolo que manifesta essas leis sublimes da Natureza, as quais devemos integrar em nossa caminhada, pois sem isso não há futuro possível para a Humanidade. Cabe a cada um de nós, começar desde de já a nos inspirarmos nas harpias, para nos tornarmos mais Humanos.

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