Vivemos em uma sociedade competitiva. Desde pequenos somos estimulados, direta ou indiretamente, a vencermos, a nos tornarmos os melhores e mais bem sucedidos. Nossos pais nos estimularam ao máximo para sermos o melhor da classe, o melhor no futebol ou no que decidíssemos fazer. Essa mentalidade, apesar de produzir excelentes resultados a nível técnico, pode gerar Seres Humanos individualistas, que se dedicam ao resultado a qualquer preço, muitas vezes deixando o aspecto Humano de lado. Em alguns contextos essa mentalidade surge espontaneamente, quando se pratica um esporte, por exemplo, é normal o desejo de sair como o vencedor. Entretanto, em 1896, durante as primeiras Olimpíadas da era moderna, foi estabelecido o termo “Fair Play”. Este tinha como conceito algo simples: não deve-se querer vencer a qualquer preço.
Na verdade, a tradução literal dessa expressão inglesa é nada mais do que “Jogo Justo”. O Fair Play tem sido usado nos últimos anos como a tônica do mundo esportivo como um todo. Um exemplo disso ocorreu nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, quando a corredora da Nova Zelândia Nikki Hamblin ajudou uma atleta estadunidense que havia caído durante a prova. Por ter parado para ajudá-la, as duas chegaram em último lugar. Uma pessoa competitiva poderia pensar que a atitude de Nikki Hamblin foi errada, pois ela perdeu a “chance” de ganhar uma medalha nas Olimpíadas, a maior competição esportiva do planeta. Entretanto, do ponto de vista Humano, o comportamento da atleta da Nova Zelândia foi Exemplar. Colocar-se a ajudar o próximo, independente da situação que se encontre, será sempre uma demonstração da Verdadeira Natureza Humana. Graças a sua atitude, Nikki Hamblin mostrou que, no fim, uma medalha é apenas isso: uma medalha. Irá se desgastar com o tempo e, eventualmente, acabará destruída. Já honrar seus Princípios, mostrar um ato de Beleza e Justiça, isso sim são prêmios que nunca se desgastam.
A essência do Fair Play reside na Beleza de querer vencer em condições iguais e não perder de vista o lado Humano no processo. Outro exemplo que demonstra muito bem o espírito do Fair Play é caso de Iván Fernández Anaya. Anaya é um corredor espanhol que em uma prova estava em segundo lugar. Seu adversário, o queniano Abel Mutai, estava na primeira colocação e acabou distraindo-se, achando que havia cruzado a linha de chegada e, consequentemente, parou de correr. Iván, ao notar a confusão do seu rival, foi até ele e o conduziu até a linha de chegada, mantendo ambos nas posições em que estavam. Ao ser perguntado por um repórter sobre a razão de ter feito essa atitude, o jovem espanhol respondeu: “se eu ganhasse dessa maneira, o que falaria para minha mãe?” Os Valores Humanos, mais uma vez, se mostraram superiores à competição e ao vencer a qualquer preço.
Há em todos os esportes Belas atitudes de Fair Play como as citadas acima, entretanto, esse espírito de jogar de forma Justa pode ser incorporado para todas as áreas da nossa Vida: no trabalho, quando decidimos ajudar ao invés de criticar; no trânsito, quando buscamos respeitar as leis e os outros, antes de querer a nossa satisfação pessoal; com os amigos e a família, quando somos generosos e pensamos antes neles do que em nós mesmo, enfim, em todos os ambientes. Isso é possível porque o Fair Play não se restringe a uma partida, ou ao meio esportivo. Deve ser uma atitude perante a Vida, uma verdadeira resposta a competitividade diária em que estamos inseridos. Que possamos, então, cada vez mais expressar em nossas ações toda a Beleza que a Natureza Humana permite, e que possamos carregar tais exemplos para nossas Vidas e não apenas para nossos jogos e esportes.