Parece que todos os seres sabem o que a Natureza espera deles, menos o Ser Humano. E isto nunca ficou tão evidente quanto nos dias atuais, em que somos obrigados a nos isolar em nossos lares e os animais, as flores, as plantas, o céu e o mar nitidamente estão em maior Harmonia com a vida.
Várias são as notícias de animais ocupando as ruas das cidades, de peixes voltando aos rios, do céu mais bonito e limpo pela diminuição da poluição, das plantas e flores com cores mais vivas e belas. Possivelmente, até no reino mineral o equilíbrio novamente se estabeleceu. Tudo isto deveria nos fazer pensar o quanto o nosso modo de vida gera desequilíbrios.
Na Índia, com a redução da poluição no ar, pela primeira vez em 30 anos, os habitantes do norte do país conseguem ver o Himalaia, além de relatarem estrelas mais visíveis durante a noite.
Na Itália, país que está em isolamento social há muito tempo, golfinhos foram filmados nadando no Porto de Cagliari, na Ilha da Sardenha. Já os tradicionais canais de Veneza estão consideravelmente mais limpos e cristalinos. Os pesquisadores afirmam que o lodo que geralmente ficava na superfície, devido a movimentação dos barcos, afundou e foi arrastado pelo fluxo da água.
A Nasa divulgou imagens de satélite que mostram a queda significativa da poluição na China devido a diminuição da interferência Humana na natureza, aumentando por consequência a qualidade do ar.
No Brasil, tartarugas são vistas na baía de Guanabara no Rio de Janeiro. E em Recife, a volta de capivaras ao rio capibaribe são registradas pelos cidadãos atônitos com a recuperação da Natureza.
Apesar de termos consciência de que existe a possibilidade destas mudanças serem momentâneas, ou seja, que na medida em que formos saindo do isolamento, a poluição, o descaso com o meio ambiente e o modo de vida insustentável poderão voltar a fazer parte do nosso cotidiano, podemos ao menos perceber a oportunidade de reflexão sobre o quanto a Humanidade está desalinhada com a Natureza.
Muitos especialistas afirmam, estudando o histórico de crises econômicas, que, infelizmente, tendemos a explorar ainda mais o meio ambiente para sair das dificuldades financeiras, e por isso, são céticos quanto a continuidade deste equilíbrio.
Se pensarmos filosoficamente, isto só demonstra o estado de nossa consciência ambiental, que na verdade, não é realmente uma consciência, mas um verniz civilizatório. Geralmente, buscamos a Harmonia com a Natureza somente quando nos convém. Na primeira dificuldade, na ânsia de voltarmos aos nossos padrões de comportamento, sacrificamos o meio ambiente sem pensar duas vezes. Este comportamento só nasce por pensarmos que estamos à parte da Natureza, que não fazemos parte dela.
O que se espera de um Ser Humano?
Neste equilíbrio Harmônico da Natureza, cada ser cumpre o seu papel. O que cabe a uma pedra é resistir na sua forma mineral. O que cabe a uma planta é crescer gerando flores ou frutos. O que cabe a um animal é ter a experiência de sobrevivência através dos seus instintos. E ao Ser Humano? Será que não deveríamos estar usando nossas ideias e sentimentos mais elevados para refletir sobre nosso propósito? Sobre como também podemos nos integrar à Natureza?
Parece que o Ser Humano é uma espécie em extinção, haja vista o desequilíbrio ambiental provocado pelas incoerências das nossas ações. Quando falamos de Ser Humano, nos referimos ao verdadeiro Homem, aquele que não simplesmente sobrevive, mas que reconhece a sua identidade, que sabe quem é e para onde vai, aquele ser que não simplesmente suga de tudo e de todos, mas que traz Harmonia através de seus atos.
Então, para respondermos a pergunta “O que se espera de um Ser Humano?”, precisamos refletir sobre o que nós precisamos oferecer para manter o equilíbrio do Todo. O que podemos fazer para garantir o Bem, a Justiça, a Harmonia entre todos os seres? A resposta para isso, é o que os grandes mestres sempre nos ensinaram: Precisamos oferecer à vida Virtudes.
Fica então a importância de cada um de nós, aprendendo com esta experiência, despertar para a consciência de que somos parte da Natureza e que devemos, como Seres Humanos, buscar o que nos cabe ser: Justos, Bondosos, Harmoniosos, Prudentes, Fraternos e Solidários, conosco e com o Todo do qual fazemos parte.