No início do Universo, havia apenas o caos e nada mais. Não havia tempo ou espaço, luz ou sombra, apenas as leis regidas pelos Deuses Superiores. E por intermédio desses Deuses nasce Izanagi, o Deus que cuidaria da Terra. Após uma visita ao submundo, a terra dos mortos, Izanagi vai até um lago para se purificar, e cerimonialmente, lava cada parte de seu corpo, fazendo nascer de sua própria face uma nobre Trindade, os Deuses que iriam herdar seu reinado.
Ao lavar seu olho direito, nasce uma Deusa tão Luminosa e Bela que Izanagi decidiu colocá-la acima de toda a criação. Amaterasu, a Deusa augusta que ilumina o Céu, a Deusa Sol. Ao purificar seu olho esquerdo, surge Tsukuyomi, o Deus Lua, Belo, porém menos brilhante que sua irmã, e seu pai também o coloca no Céu. E por fim, do nariz de Izanagi, nasce Susanoo. Ele não era belo, nem luminoso, era selvagem e incontrolável, por isso, Izanagi manda-o ficar distante e governar os oceanos, e o faz Deus da Tempestade.
Amaterasu era a Rainha dos Céus, e apenas à noite Tsukuyomi assumia o controle. Ela era a mais bela e a mais amada entre todos os Deuses. Todos os dias de manhã, saía para iluminar a Terra, trazendo a Luz, a Beleza e a Vida para todos os seres.
Susanoo, ao ver seus irmãos governando dos céus e ele da terra, fica descontente com o destino ditado pelo pai. E tomado por uma grande inveja e ciúme, articula um plano contra a sua irmã. Enquanto a criada tecelã de Amaterasu tecia o manto celestial da Deusa, Susanoo cobriu com um cavalo morto seus teares. O terror se espalhou, pois Susanoo havia sujado o aposento divino com o sangue da Terra e deixado sua marca no Céu.
Amaterasu já havia aceitado muitas afrontas de seu irmão, mas dessa vez percebeu que a maldade havia chegado aos céus, e inconformada com o cenário que percebia ao seu redor, fugiu para dentro de uma caverna celestial onde ali permaneceu, fazendo sumir para todo o sempre a Luz Divina que iluminava o mundo. Não passou muito tempo para que a Terra e os Céus começassem a sentir falta da mais bela e amada Deusa. O mundo começou a ficar frio, escuro e sem vida. Não havia Luz ou Beleza. Toda a natureza começou a definhar, a escuridão reinava em todos os mundos. O medo dominava os seres vivos.
Os Deuses, temendo a escuridão eterna, perceberam que precisavam de uma estratégia para resgatar Amaterasu de dentro de sua caverna. Então, o Deus da inteligência, Omoikane, elabora um plano. Pede para que todos os seres fiquem ao redor da caverna e coloquem um espelho apontando para a entrada. Eles fariam uma grande festa e diriam que o mundo estava salvo, pois haviam encontrado uma Deusa tão Bela e Iluminada quanto Amaterasu, e que iria ajudá-los a superar a escuridão. Assim o fazem, posicionam o espelho e preparam-se para que a curiosidade da Deusa Sol a faça abandonar seu exílio.
Ouvindo aquela música alegre e aqueles rumores de que existe uma outra Deusa que salvará a Terra, Amaterasu, abre suavemente uma fresta de sua caverna, para ver exatamente o que está a acontecer. Percebe que existe uma Luz Brilhante e Bela, mas não sabe de onde vem, o que a deixa mais curiosa. A Deusa é preenchida por um sentimento de esperança e aproxima-se cada vez mais, até sair completamente da caverna. Os Deuses rapidamente a puxam e selam a caverna para sempre, para que a Deusa não volte a se esconder.
Garantida de novo a Luz, Susanoo se redime e a título de reconciliação, presenteia sua irmã com uma esplêndida espada Kusanagi, símbolo de sua vitória ao matar a terrível serpente de oito cabeças, Yamata no Orochi. Assim, após um longo período de escuridão, Amaterasu retoma seu local de origem e volta a iluminar a tudo e a todos.
O Japão possui uma forte relação com o Sol, basta observarmos em sua bandeira. Oficialmente denominada Nisshōki (“bandeira do Sol”), ou mais comumente conhecida como Hinomaru (“disco solar”), as tradições afirmam que a bandeira em si é uma homenagem à Amaterasu, retângulo branco com o círculo vermelho simbolizando o Sol.
Apesar de ser a Terra do Sol Nascente e portador deste mito sobre o ressurgimento do Sol, o Japão revela uma necessidade do Ser Humano de ver a Luz. A imprudência de Susanoo afugenta Amaterasu, o que representa a ignorância do Ser Humano capaz de tornar tudo à sua volta sombrio e sem iluminação. O cavalo morto no Céu é simbolo da personalidade imperfeita e mortal alcançando um patamar que não deveria, ou seja, quando os impulsos instintivos e os desejos egoístas se tornam fatores muito importantes em nossas vidas. Amaterasu, a Luz, se esconde pois se torna minoria ao perceber que a ignorância e a escuridão tingiram todas as coisas, assim como o sangue do cavalo.
Obviamente, tudo começa a definhar e perder a vida sem a presença da Luz, da Energia e da Beleza. A Terra estava dominada pelo medo e pela ignorância, pois este é o ambiente criado pelo Ser Humano que não possui princípios e ideais conduzindo sua vida. Homens e Deuses então reconhecem a importância do Sol no equilíbrio da Natureza, reconhecem que sem ela não há Sabedoria ou Vida na Terra, apenas caos e escuridão. Amaterasu, ao sair da caverna, volta a iluminar tudo a sua volta, fazendo renascer a esperança em um mundo Belo, Novo e Virtuoso, livre de males e ignorância.
Outro ponto interessante que devemos observar é que, quando Amaterasu se esconde, ou seja, quando a nossa vida entra num período de escuridão, não adianta simplesmente lamentar. Nós precisamos usar da nossa engenhosidade, assim como fizeram os outros Deuses, para fazer com que o nosso “Sol” volte a brilhar. É importante sempre pensar em estratégias para suportar o momento sombrio, como por exemplo: escolher bem que conteúdo vai assistir; Quais músicas irá escutar; Com quais pessoas vai conviver e, principalmente, o que irá fazer, todos os dias, para se tornar uma pessoa melhor. Dessa forma, não há dúvidas que, cedo ou tarde, veremos os raios de Sol de Amaterasu surgirem por detrás de alguma rocha, e então, nossa vida encontrará a Luz mais uma vez.
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