Vivemos em um mundo imperfeito. Basta olharmos um pouco para a História que poderemos ver que erramos muito. Somente no último século convivemos com duas grandes guerras, Estados totalitários, disputas entre grupos étnicos, perseguições e, de forma mais extrema, genocídios. Poderíamos passar dias falando sobre todas as falhas que a humanidade cometeu, mas de nada adiantaria. A questão é que nós, como seres humanos, não somos perfeitos. Cometemos erros a todo momento. Alguns, como os citados acima, por pura ignorância, e estes são os que causam mais dor e prejuízo. Entretanto, algumas vezes erramos pelo simples fato de não aceitarmos que as coisas não podem ser perfeitas… É irônico, mas é isso mesmo: o perfeccionismo nos afasta da perfeição. Por este modo de pensar desistimos de agir, deixamos as oportunidades passarem frente aos nossos olhos e alimentamos uma vida cheia de sonhos que não foram vividos, tudo isso pelo receio de que as coisas não vão sair exatamente do jeito que idealizamos.
Quantas vezes planejamos algo, seja escrever um livro, construir uma casa ou mesmo dar uma aula para um amigo, e no meio do processo, por mais entusiasmado que estivéssemos, desistimos? O medo de ser julgado pelos outros, de fazer “mal feito”, e outros tantos temores que nossa mente cria ao longo desse processo fazem com que, ao longo dos anos, tenhamos uma gaveta cheia de projetos arquivados. Não estamos acostumados a errar, mas talvez seja porque tentamos pouco. Lidar com o fracasso e entender que não faremos coisas perfeitas nos paralisa diariamente. Podemos não perceber, mas no nosso dia a dia esse pensamento está presente: seja no trabalho, quando somos designados para fazer uma apresentação ou desenvolver um novo projeto, ou em casa quando planejamos reformas e mudanças. Em ambos os ambientes não executamos o que nos foi planejado (ou o que planejamos) e ficamos reféns desses pensamentos e emoções.
Nós não fomos bem educados no quesito “lidar com nossa imperfeição”. Portanto, devemos começar a entender que não somos, nem seremos, bons em tudo que fizermos. O que podemos fazer então? A resposta é: tudo! Meu conselho é de não deixar que esses sentimentos nos impeçam de criar, de seguir em frente. O primeiro passo é esse: entender que ser perfeito não existe nesse mundo. Poderemos lidar com a pressão e a ansiedade de maneira saudável se cultivarmos e adquirirmos essa convicção. Em seguida, devemos nos conhecer e saber do que gostamos e do que não gostamos, do que somos bons e do que não somos. Cabe aqui a máxima escrita no templo de Delfos, na Grécia Clássica: “Conhece-te a ti mesmo”. Quanto mais buscarmos nos conhecer, compreender profundamente o que nos motiva, o que nos interessa, poderemos ser capazes de enfrentar nossas limitações. Um último conselho, e provavelmente seja o mais valioso, é o de nos dedicarmos de corpo e alma aos projetos que acreditamos. Isso não significa “sucesso imediato”, muito menos que dará certo, mas demonstra que fomos corajosos em seguirmos fazendo o que acreditamos, frente a dor ou o prazer. No fim, seremos imperfeitos, mas é graças a imperfeição que temos a chance de aperfeiçoar o que somos hoje e seguir evoluindo, no aspecto ou área que dedicarmos nossa vontade, amor e inteligência.