Num mundo tão artificial, ansioso e caótico, a arte de equilibrar pedras, prática encontrada em diversas tradições ao longo da história da humanidade, retorna aos tempos atuais com ar de novidade entre aqueles que buscam conectar-se profundamente consigo mesmos e com a natureza.
Seja numa cachoeira, numa montanha, em trilhas, parques, ou mesmo na internet, é provável que muitos de nós já tenham tido contato e tenham se surpreendido com o equilíbrio que desafia a gravidade, alcançado pela disposição das pedras, uma sobre a outra. É preciso muito equilíbrio dentro de si mesmo para conseguir equilibrar as pedras fora, como diz a Jonna Jinton no início do vídeo. E é este um dos principais motivos da prática de equilibrar pedras ser considerada uma arte, pois necessita de técnica e aprimoramento, e ao mesmo tempo uma meditação, fazendo com que o praticante precise silenciar a própria mente.
Diz-se que inspirada na Arte Zen, podemos encontrar esta prática também em diversos momentos históricos e em várias civilizações da humanidade. Existem registros de pedras gigantescas empilhadas em Portugal; Também conhecemos as famosas Stonehenge na Inglaterra e em toda aquela região do País de Gales – sempre em formatos circulares; Na Austrália mesmo em paisagens desérticas; Nos jardins japoneses e em tantos outros lugares. A arte de equilibrar pedras sempre traz aquilo que representa o imóvel, o estável – as rochas – mas que quando sobrepostas umas sobre as outras parecem desafiar o vento, nos fazendo refletir sobre solidez e leveza, movimento e quietude. O equilíbrio entre as pedras só é possível de ser encontrado ao silenciar a mente e se colocar completamente no momento presente, necessitando de muitos minutos ou mesmo horas de paciência e concentração.
Os sábios nos dizem que ao contemplarmos o pôr do sol, percebemos sua beleza porque ele nos lembra a beleza que temos dentro de nós. É como se todos nós tivéssemos um pôr-do-sol interno, só esquecemos disto nesta correria do dia-a-dia, neste apego ao que não é importante, mas no momento em que estamos contemplando o ocaso, nos reconectamos com o sol dentro de nós, com o melhor de nós mesmos, e assim achamos o belo e nos emocionamos.
“Homem, conhece a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo.” A máxima encontrada no Oráculo de Delfos, tradição grega de sabedoria, já nos lembrava que quando conhecemos a nós mesmos, percebemos que na verdade somos parte de um todo, ou seja, não há uma diferença, quando falamos em essência, entre o que está fora e o que está dentro do ser humano. Por isso, para equilibrar as pedras, é preciso ter equilíbrio dos pensamentos e das emoções, para que assim, essa harmonia se reflita fora.
A vida é este imenso mistério a ser desvendado. Se acreditávamos que era impossível este equilíbrio que desafia a gravidade de pedras tão diversas em pesos e tamanhos, e mais ainda, que este equilíbrio pode também ser alcançado dentro de nós mesmos, ao menos enquanto praticamos esta arte, então isto “É uma prova de que há muito mais nesta vida do que nós podemos imaginar”, como diz a Jonna Jinton durante o vídeo. Que sejamos corajosos para embarcar nesta imensa aventura!