Você vê os animais e sente uma estranha conexão com eles, algo que nem você sabe explicar? E nem estamos falando só dos bichinhos de estimação, tem também aqueles bichos que só vimos em fotos, filmes e sonhos, mas ainda assim sentimos como se estivéssemos ligados a eles. Isso não é tão estranho quanto parece. Na verdade, a nossa ligação com os animais vem de muito tempo atrás. Vários povos antigos já tratavam dessa conexão e do que eles representam na psique humana.
Lobo
Foto de: Michael LaRosa
O lobo teve grande importância para diversas culturas como os gregos, nórdicos, chineses e mongóis. Por ter a habilidade de enxergar à noite, tornou-se símbolo de luz e de vigilância sobre os elementos sagrados. Também é sinônimo da força selvagem e geralmente é ligado às virtudes guerreiras e ao ardor do combate. Para os turcos, sua importância atravessa gerações, o líder Mustapha Kemal – que se autodenominava “Pai dos Turcos” – recebeu de seus partidários o sobrenome de lobo cinzento durante os combates travados para recuperar a identidade de seu povo, que estava ameaçada com a decadência do império otomano.
Dentro de cada um de nós, podemos buscar esse símbolo e encontrar onde mora essa força que vigia e protege aquilo que é sagrado em nossas vidas.
Águia
Foto de Tof Mayanoff
A águia é considerada nada menos que a rainha das aves e ocupa posição de destaque em praticamente todas as culturas. Por ser a ave que voa mais alto e tem uma excelente visão, sempre esteve ligada aos elementos mais divinos e poderosos de cada cultura. Na mitologia grega era a ave que representava Zeus. Era símbolo dos xamãs, sacerdotes, adivinhos, reis e chefes guerreiros para os antigos povos das pradarias americanas, do Japão, da China e da África. Foi também emblema de grandes impérios, como o Romano e o Napoleônico, além de ser o animal que representa a nação mais poderosa da atualidade: os Estados Unidos da América. Em algumas passagens bíblicas foi utilizada para representar Cristo e anjos. A águia é um dos animais com mais significados e simbolismos, dentro de nós ela representa aquilo que temos de mais sagrado e que dá sentido às nossas vidas.
Coruja
Foto de Jakob Puff
Sendo a águia um símbolo solar (Yang), a coruja pode ser vista como o seu complemento, pois seu símbolo está ligado a aspecto mais sombrio da natureza (Yin). Ela é a ave de Atena – a deusa da sabedoria na mitologia grega – e representa a reflexão que domina as trevas. Para os astecas, a coruja era o animal que simbolizava o deus do mundo dos mortos. Em diversos códices (manuscritos gravados em blocos de madeira) ela é representada como a guardiã da morada obscura da terra. Até os dias atuais as corujas são utilizadas como divindade da morte e guardiãs dos cemitérios para diversas etnias indo-americanas.Devemos ter o cuidado de não confundir o símbolo da coruja, de sombras e de morte, com algo demoníaco ou algo que não deveria existir. Muitas vezes, quando passamos por um momento mais dark em nossas vidas, descobrimos um tipo de luz em nós mesmos e nos outros que não havíamos percebido enquanto estava tudo bem. É como olhar para as estrelas no céu… sem a escuridão da noite, jamais poderíamos enxergá-las.
Cisne
Foto de: Silvia & Frank
O cisne é um animal celebrado em diversos mitos, poemas e tradições que vão desde a Grécia à Sibéria, passando pelos povos eslavos, germânicos e da ásia menor. O cisne é tido como uma ave imaculada, na qual a brancura, o poder e a graça revelam a luz. Para povos da ásia central, o cisne com sua beleza deslumbrante representa a virgem celeste que será fecundada de forma divina para dar origem ao Homem. É um forte símbolo feminino que nos mostra muito do poder que existe na pureza e na suavidade, por esse motivo era também símbolo dos guerreiros que atingiam a maestria nas artes marciais – a capacidade de não se contaminar com nenhum tipo de emoção negativa, independente da ação do inimigo.
Cavalo
Foto de: Kenny Webster
O cavalo acompanha o homem desde os tempos mais antigos e por isso muitas vezes é associado a figuras de poder e figuras divinas, mas também representa a impetuosidade dos desejos e o lado animal do ser humano, a parte inconsciente da psique. Por esse motivo, ele é associado à transição da noite ao dia, das trevas à luz. Quando o vemos como um animal selvagem, sem um cavaleiro para o conduzir, o cavalo representa os nossos instintos desgovernados, os impulsos que não conseguimos controlar e acabam por ferir os outros e nós mesmos. Por outro lado, quando o símbolo mostra um cavaleiro montado num cavalo, ou mesmo a figura do centauro (ser mitológico com tronco humano e corpo de cavalo), significa que os instintos foram dominados e agora quem comanda as ações é a parte humana-consciente. Esse domínio não significa que devemos brigar com os nossos instintos, muito pelo contrário, devemos buscar a harmonia interna, o justo equilíbrio que só surge quando fica claro quem é que deve tomar as decisões e quem é que deve obedecer.
Golfinho
Foto de Claudia Beer
Golfinhos foram elementos importantes na mitologia grega e executavam papel fundamental nos ritos funerários. Para os cretenses, os mortos se retiravam montados no dorso dos golfinhos para os confins do mundo, para a Ilha dos Bem-Aventurados. Este animal aquático possui uma forte conexão com o homem e isso também era explicado pela mitologia grega, que acreditava que golfinhos eram os piratas arrependidos que caíram no mar após raptar o deus Dionísio. Desde então eles tornaram-se amigos e passaram a proteger o Homem.
Esse símbolo nos ajuda a compreender que a passagem para morte, ou de tudo aquilo que precisamos abrir mão, não precisa ser algo triste.
Leão
Foto de: Anna Fuchsia
O leão é considerado a própria encarnação do poder, porém pode ser interpretado em dois extremos: De um lado a Sabedoria e a Justiça, do outro o orgulho e a arrogância que surgem quando esse poder não é bem direcionado. Também exerce papel de mestre soberano, podendo ser um grande protetor ou um terrível tirano. Essa variação dos dois pólos permite que religiões façam diversas interpretações simbólicas, como por exemplo, para os cristãos, Jesus é o Leão de Judá; para os budistas, Buda é o Leão dos Shakya e para os muçulmanos xiitas, Ali (genro de Maomé) é o Leão de Alá.
Em nossa sociedade temos muitos exemplos tirânicos do aspecto negativo do leão, por isso passamos a temer o poder e vivemos um período de culto à debilidade, parece que está na moda ser frágil e fraco. Deveríamos aprender com esses povos e buscar esse aspecto positivo do símbolo do leão, ou seja, buscar o poder para transformar a nós mesmos e melhorar o mundo.
Se você sentiu falta de algum outro animal e quer que a gente escreva sobre ele, deixe aí nos comentários que vamos colocá-los na parte 2 desta galeria!