Você já ouviu falar no termo “millennials” ou “geração Y”? São termos designados para quem nasceu em meados dos anos 90 e que, naturalmente, passou por um processo de formação diferente das gerações anteriores.
Vividos na primeira grande revolução tecnológica do século XXI, essa geração praticamente nasceu junto com a era dos computadores e dos mais modernos aparelhos de comunicação, mesmo que, em sua maioria, ainda não estivessem disponíveis em larga escala. Assim, é notável que essa geração cresceu em um “boom” tecnológico, mas o que isso significa? Será que esse fator tornou os homens e mulheres dessa geração tão diferentes dos seus antepassados?
Primeiramente, é fundamental deixarmos claro que o desenvolvimento tecnológico é excelente para a vida humana. Sem dúvida, podemos viver de maneira mais confortável e com maiores possibilidades graças ao salto que a tecnologia deu nos últimos 50 anos. Graças a essas novas ferramentas podemos nos aproximar de pessoas, ter nossos estudos facilitados, promover soluções para problemas globais e outra série de benefícios. Porém, como tudo na vida, o uso excessivo pode ser altamente prejudicial ao ser humano e, por isso, devemos alertar aos perigos do uso abusivo dessas ferramentas.
Hoje, por exemplo, por termos a internet na palma de nossa mão, em poucos segundos conseguimos tirar dúvidas, fazer pesquisas e contatar alguém. O problema é que essa via, quase imediata de resposta, vai nos tirando a paciência, vamos perdendo o costume de esperar pelo tempo das coisas e queremos tudo aqui e agora, o famoso imediatismo. Se somos de uma geração um pouco mais antiga, conseguimos não sofrer com isso; porém, se somos da geração Y, onde tudo está apenas a um clique de distância, ou melhor, um “touch” de distância, esse imediatismo da internet e das redes sociais é projetado para os outros âmbitos da vida.
Desta forma, vemos muitos jovens querendo começar em seu primeiro emprego já sendo chefe de todos e, em apenas 2 meses de trabalho, já pensando em se demitir porque não receberam uma promoção. Eles precisam de muitas mudanças imediatas, senão não sentem que estão crescendo e fazendo a diferença na sociedade. Os jovens não concebem a ideia de crescer gradualmente em seu local de trabalho, de que, tijolo após tijolo, constrói-se um castelo: eles querem fazer um castelo em um dia!
Essa falsa percepção de que a vida é imediata e quase instantânea vem do uso cultural da tecnologia que nos permite tais respostas. Entretanto, basta observarmos a natureza e percebermos que há um momento para cada coisa: se plantamos uma semente hoje, amanhã ela será uma árvore? Evidente que não. Do mesmo modo, não dormimos como crianças e acordamos com um corpo de adulto. A natureza não dá saltos, e entender que cada etapa de um longo processo tem seu valor é precioso. Essa percepção foi perdida ao longo do tempo pela geração Y, e é fundamental que consigamos resgatá-la.
Uma das grandes causas dessa falsa gratificação instantânea que buscamos vem do modo como usamos as redes sociais. Em um mundo de “likes” e compartilhamentos, em que elogios são dados de forma massiva e instantânea, estimula-se ainda mais esse pensamento. Além disso, e talvez essa seja uma das piores consequências das redes sociais, vai-se substituindo a importância da convivência, do olho no olho, de criar laços de amizade e amor verdadeiros.
Ao invés desse contato pessoal, da construção de verdadeiros laços de amizade, trocam-se os amigos por amigos de jogos virtuais, trocam-se as antigas “paqueras”, e os antigos cortejos – do tipo: “vamos nos conhecer melhor?” – por um match no aplicativo de encontros. Assim, tudo que é embasado em sentimentos e sensações reais é trocado pelo virtual. Resultado disso? Os jovens ficam altamente despreparados para lidar com a vida real, não sabem como enfrentar uma adversidade da vida, não sabem como lidar com a dor, como enfrentar uma perda ou o estresse, pois isso não existe no mundo das redes sociais.
Assim, a ilusão criada nas redes sociais se depara com a vicissitudes do mundo real. Esse choque não tem sido positivo para milhões de pessoas que estão desenvolvendo problemas psicológicos como ansiedade e depressão. E quanto mais dificuldades no mundo externo, maior é a fuga para as redes sociais, tornando isso um ciclo vicioso e altamente prejudicial, pois gera uma imersão, cada vez maior, nesse mundo de fantasia e, por consequência, uma alienação do mundo real.
Mesmo quem não é um “millennial” não está isento deste tipo de comportamento, ou será que você nunca ficou numa mesa, ao lado de várias pessoas, e todas elas, inclusive você, estavam olhando o celular ao invés de conversarem entre si?
O vídeo que deixamos abaixo demonstra como o uso abusivo das redes sociais podem ser prejudiciais à nossa saúde física e também aos demais aspectos de nossa vida, como as relações sociais e a prosperidade nos diferentes campos de nossa existência.
O fato de vivermos imersos nesse novo tipo de mundo acaba por diminuir nossas chances de prosperar. Muitas vezes, usamos essa palavra apenas com o sentido de ser bem-sucedido financeiramente, mas na verdade seu sentido é bem abrangente. Advindo do latim “prosperitate“, o significado real de “prosperar” está ligado à boa saúde, à felicidade e à boa sorte. Quando pensamos nessas ideias e as comparamos com a qualidade de vida dos jovens em geral, podemos perceber, de forma nítida, que falta prosperidade em suas vidas.
Nossa juventude se mostra cada vez mais adoentada, nunca tivemos tantas pessoas diagnosticadas com problemas psicológicos e o estilo de vida que adotamos, voltado para o mundo virtual, não nos ajuda a enxergar a real causa destes problemas. Desse modo, mesmo que haja prosperidade financeira – e sabemos que em grande parte ocorre –, perde-se força quando pensamos na prosperidade como componente da felicidade e da boa saúde.
Por fim, não podemos deixar de constatar que a internet revolucionou o mundo. Entretanto, não podemos permitir que o aspecto humano seja perdido em meio a essa nova forma de viver. Nada pode substituir um ombro amigo, a beleza de um sorriso, o valor de uma conquista gradual ou o calor de um abraço. E mesmo as partes desagradáveis das interações humanas, como uma discussão, uma rejeição ou uma decepção, são experiências importantes, que nos ajudam a trabalhar as emoções e a conquistar uma psique mais forte e amadurecida.
Aprender a lidar com os prazeres e dores que envolvem o nosso mundo é parte fundamental de nossa evolução humana; fugir dessa realidade só nos trará angústias e desesperos. Sendo assim, não tenhamos medo da tecnologia que nos oferece tanto, tampouco sejamos seus reféns. Que possamos conciliar esses dois mundos em prol de nossa verdadeira prosperidade humana.