Uma história emocionante, sensível e com grandes ensinamentos. Todas essas características definem a obra “Extraordinário”, da autora R. J. Palacio. O livro de grande sucesso ganhou uma adaptação cinematográfica que chegou às telonas no início de dezembro de 2017. A história é um convite para navegarmos nas profundezas do coração humano, onde as marés da compaixão e empatia encontram seu curso. Como bem disse Lao Tsé, o sábio chinês, “A gentileza em palavras cria confiança. A gentileza em pensamento cria profundidade. A gentileza em dádiva cria amor”. Nessa obra, testemunhamos a gentileza florescer não apenas em palavras e ações, mas também na essência dos personagens, revelando a beleza inerente à humanidade.
A história gira em torno de Auggie, um menino com uma deficiência genética que vai à escola pela primeira vez e enfrenta olhares julgadores e bullying de outras crianças. Ele é um menino verdadeiramente extraordinário, não é à toa que o título da história é esse. Ao acompanharmos a jornada dele, nos lembramos das palavras de Khalil Gibran: “A bondade é como a luz do sol; ela embeleza tudo o que toca.” Auggie é um sol brilhante, irradiando a beleza de sua alma e iluminando a escuridão da intolerância. Ele nos ensina que, independentemente de nossas imperfeições externas, é nossa bondade e autenticidade que nos tornam verdadeiramente extraordinários.
As tradições budistas nos ensinam que a compaixão é o caminho para a iluminação. Como o Buda ensinou, “Nossa tarefa não é procurar o amor, mas simplesmente buscar e encontrar todas as barreiras dentro de nós que construímos contra ele”. Ao enfrentar olhares julgadores e bullying, Auggie confronta essas barreiras com uma sabedoria que transcende sua idade. Ele nos encoraja a olhar além das aparências e descobrir a centelha divina que reside em cada ser humano.
“Extraordinário” é uma sinfonia de histórias entrelaçadas, cada uma ecoando as palavras de Rumi, o poeta sufi: “O que você procura está procurando por você”. O destino desses personagens está entrelaçado por fios invisíveis, conectando-os através de suas lutas e vitórias, como se estivessem destinados a encontrar se encontrar. Essas conexões, por vezes inesperadas, lembram-nos que cada encontro é uma oportunidade para aprender, crescer e compartilhar o fardo da existência humana. Indo mais além, a história não gira apenas em torno de Auggie, outros personagens possuem histórias envolventes que despertam a empatia e a reflexão do público. Essa é uma obra que ressalta a frase: “seja gentil, pois você nunca sabe realmente o que o outro está passando”.
Com uma sensibilidade rara, a obra nos leva a contemplar a citação do filósofo Sêneca: “Onde quer que haja um ser humano, há uma oportunidade para a bondade”. Em cada personagem, percebemos as diversas facetas da humanidade, suas fragilidades e grandezas. O filme e o livro revelam que, por trás das máscaras que todos usamos no teatro da vida, há histórias profundas de coragem, esperança e redenção.
Um dos aspectos inspiradores do livro, e do filme, é a forma como ele aborda o tema da amizade verdadeira. Auggie encontra apoio e amizade em pessoas inesperadas, como Summer e Jack Will, que enxergam além das aparências e abraçam a singularidade de Auggie. Essa mensagem é um lembrete de que a verdadeira amizade não se baseia em convenções superficiais, mas em uma conexão genuína que transcende as diferenças.
Outro ponto comovente é o papel da família de Auggie em sua jornada. Seus pais, Isabel e Nate, e sua irmã, Via, são pilares de amor e suporte, mostrando a importância de um ambiente acolhedor e compreensivo para enfrentar desafios. A relação entre Via e Auggie também é tocante, pois ilustra como a família pode ser uma fonte inesgotável de força e amor.
No decorrer da história, somos convidados a percorrer o caminho do autoconhecimento, como disse Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. Através dos personagens, refletimos sobre nossas próprias virtudes e fraquezas, nossas tendências para julgar ou estender a mão. A história não retrata os personagens como perfeitos, mas sim como seres humanos falíveis que cometem erros. No entanto, também demonstra que é possível aprender com esses erros e buscar a redenção, como é o caso de Julian, um dos personagens que inicialmente perpetua o bullying contra Auggie. Essa reflexão é o portal para uma jornada de crescimento e transformação, pois, como afirmou Aristóteles, “O objetivo da vida é tornar-se a melhor versão de si mesmo”.
Como bem colocou Confúcio: “Aquele que conquista a si mesmo é o mais valente dos guerreiros”. A história de Auggie e seus amigos é uma celebração da coragem interior que reside em cada um de nós, mostrando-nos que somos capazes de superar desafios, transcender nossas limitações e, assim, tornarmo-nos seres verdadeiramente extraordinários.
Por fim, uma das principais lições de “Extraordinário” é justamente a importância de sermos autênticos e nos aceitarmos como somos. Auggie aprende a valorizar sua própria singularidade e, ao fazer isso, inspira os que o rodeiam a fazer o mesmo. Dessa forma, a história nos ensina que cada um de nós é especial à sua maneira, e que é justamente essa singularidade que torna o mundo tão rico e diverso. Que a luz de “Extraordinário” continue a brilhar em nossos corações, lembrando-nos de que a gentileza é a chave para abrir as portas de um mundo mais compassivo e amoroso. E que, ao sairmos desse mundo de palavras e imagens, carreguemos conosco a inspiração para criar um impacto verdadeiramente humano nas vidas daqueles que cruzam nosso caminho.