O quão difícil é administrar uma cidade? Geralmente, criticamos os nossos governantes devido aos poucos resultados que enxergamos em nossa vida cotidiana, mas já paramos para pensar no esforço que deve ser construir um local apropriado para milhares – e até milhões em alguns casos – de pessoas viverem?
Só em pensar na logística urbana, podemos entender que não é uma tarefa simples, isso sem contar nas políticas empregadas e as leis que devem gerir todo o processo. Partindo dessa perspectiva, será que podemos nos colocar no lugar dos nossos governantes por apenas algumas horas?
A resposta é sim! Há um jogo que nos desafia a gerenciar uma cidade do zero, transformando um pequeno vilarejo em uma megalópole. Além de divertido, podemos aprender a linha tênue que separa o sucesso de uma urbe para o caos que pode se tornar uma cidade mal administrada. Estamos falando do jogo Cities: Skylines, disponível na Steam.
Um jogo que vai além do divertimento
Um dos grandes diferenciais de Cities: Skylines está no seu papel didático. Além de ser divertido, principalmente para os fãs de jogos de construção, o game expande nossos horizontes para entender que administrar uma cidade, seja do tamanho que for, é um desafio complexo e envolve muitas variáveis. Ora é preciso fazer a malha urbana, por exemplo, dar vazão ao número crescente de carros; ora precisa-se pensar no meio ambiente e equilibrar seus recursos; ora é necessário gastar dinheiro para melhorar as condições básicas dos seus cidadãos.
Quando passamos a jogar, percebemos que não se trata apenas de levantar prédios e construir casas, mas é um verdadeiro game de estratégia. Para os saudosos dos anos 1980 e 1990, Cities: Skylines é inspirado no famoso SimCity, jogo clássico de Super Nintendo que milhares de crianças jogaram no final do século XX.
Cities: Skylines, entretanto, vai além do seu antecessor ao disponibilizar uma evolução tecnológica dentro da construção da cidade. Assim, pode-se começar o jogo usando diferentes meios de produzir energia, por exemplo, indo do mais rústico até os modernos parques solares. Tudo isso vai sendo liberado aos poucos, à medida que sua cidade cresce e possui novas necessidades.
Para o governante, no caso o jogador, é necessário, antes de tudo, um planejamento preciso para construir de maneira ordenada e com inteligência. Isso fará toda a diferença! O jogo se converte, nesse aspecto, num verdadeiro exercício de imaginação, ao entendermos como as ruas precisam ser projetadas, onde ficará a indústria, os serviços e todas as necessidades que uma cidade grande possui, mesmo que ainda não exista nada além de um campo aberto em seu mapa.
Aprendendo a gerenciar a nossa vida
Ao jogarmos Cities: Skylines, podemos refletir sobre a necessidade de um bom planejamento. Muitas vezes, negligenciamos essa parte e passamos a vida inteira “apagando incêndios”, improvisando de acordo com as necessidades mais urgentes. Apesar de ser necessário ter um grau de flexibilidade para agir conforme a necessidade, não podemos nos desfazer de um bom planejamento a longo prazo, com perspectiva de crescimento e sabedoria para o momento de cada ação que devemos tomar.
Esse é o grande diferencial de Cities: Skylines como jogo, pois nos força a pensar para além do urgente. Se olharmos essa perspectiva como uma metáfora para a nossa vida, quantas vezes paramos para realmente planejar nosso futuro, seja a nível profissional ou pessoal? É natural fazermos projeções, sonhos, mas planejar vai muito além do que apenas dizer objetivos gerais para nossa vida.
Planejar envolve, antes de tudo, a capacidade de saber aonde se quer chegar e qual caminho traçar para alcançar seus objetivos. Logo, além de um exercício de imaginação, é fundamental a capacidade de realizar esse plano em diferentes etapas, considerando os riscos e erros que podem ocorrer.
Quando começamos a desenhar nosso futuro, estamos planejando. Porém, assim como em Cities: Skylines, precisamos crescer à medida que avançamos, caso contrário nossos recursos vão se extinguir. Um bom planejamento sempre precisa ser revisitado, ajustado e seguido, mesmo que haja empecilhos.
Cities: Skylines nos ensina sobre Justiça
Outro ponto fundamental desse game é a noção de justiça. Precisamos equilibrar diferentes fatores em nossa gestão, o que nos permite criar uma cidade de diferentes maneiras, com focos e objetivos distintos. Aqui podemos aprender sobre a noção de justiça, ou seja, dar a cada um aquilo que lhe é próprio, de acordo com sua natureza e atos. Apesar de ser uma definição um tanto quanto fechada, na administração de uma cidade ela é fundamental, pois se não soubermos administrar tempo, dinheiro, materiais e nossos objetivos para com o Todo, nossa cidade irá fracassar.
Mais uma vez, o jogo reflete nossa própria realidade, uma vez que sem buscar a justiça poderemos construir uma vida mal gerenciada, com uma série de defeitos e limitações. Não estamos falando necessariamente do nosso aspecto material, afinal, é possível que no mundo em que vivemos a injustiça dê ganhos materiais; entretanto, do ponto de vista humano, viveremos uma experiência notadamente menos expressiva. Assim, nosso objetivo final, que nada mais é do que alcançar esse sentimento de humanidade, se perderá ao longo do caminho.
Compreender essa noção de justiça nos faz aprender a administrar nossa vida – e no caso do jogo, a sua cidade – para um propósito transcendente: tornar-se a sua melhor e mais completa versão, capaz de produzir felicidade e realizações. Em uma cidade que impera a justiça, os cidadãos tendem a essas duas conquistas, o que é, no fim, a parte mais importante do jogo, pois nenhuma cidade existe sem seus cidadãos.
Visto todas essas ideias, não podemos deixar de recomendar Cities: Skylines, um jogo que nos faz pensar e nos diverte ao mesmo tempo! Aproveitem!