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Muito se ouve falar no termo Minimalismo, geralmente o seu significado vai estar ligado a busca por viver uma vida simples e sustentável a partir de poucos recursos. O que nem todos sabem é que a busca por uma vida simples é um desejo que acompanha os indivíduos desde seus primórdios, uma vez que sempre existiu na história humana grupos que se questionaram a respeito dos padrões comportamentais, sociais e políticos vivenciados em sua época. A explosão dos movimentos artísticos, culturais e científicos em diversos momentos do século XX provocou na sociedade ocidental, quiçá em todo o mundo, uma reflexão a respeito do consumo ilimitado e a valorização das coisas em detrimento das pessoas. Muito das artes visuais, do design e da música foram influenciados pelas ideias minimalistas. O impacto desses movimentos marcaram a sua época não só pela conscientização do consumo e do uso necessário e consciente de cada coisa, mas também pelo rompimento com o formalismo.
Ao longo da nossa história, observamos vários outros movimentos humanos que expressaram a necessidade da opção de uma vida consciente baseada na simplicidade, os romanos, por exemplo, através do estoicismo, em 325 a.c. já falavam da sabedoria de viver bem com apenas o necessário, sem excessos. Segundo eles, aí reside a chave para se ter uma vida sábia e harmônica. Como tudo na vida é cíclico, dizem que comportamentos, hábitos, estilos de roupas, vocabulários e costumes vão e voltam à moda, em uma sociedade ao longo de sua história. Assim, de vez em quando, por exemplo, alguns termos entram em voga e trazem consigo um conjunto de valores aparentemente novos, quando não passam de velhas ideias vestidas com novas roupagens, e com etiquetas apresentáveis para o contexto de cada grupo.
Vivenciar o minimalismo hoje é identificar o essencial e eliminar o resto. A cultura consumista moderna vende constantemente a ideia de que uma vida boa é uma vida cheia de realizações materiais e repleta de coisas que, ao longo do tempo, precisam ser descartadas para que outras coisas sejam consumidas. Isso vai provocando uma necessidade constante de comprar e comprar, mesmo que não se tenha necessidade alguma. Essa ideia não está ligada somente aos bens materiais, a frase: “É preciso viver só com o necessário e deixar passar o que não é necessário” se aplica também para os pensamentos, as opiniões e as emoções desnecessárias.
É inegável que vivemos em uma sociedade onde a “lógica” é que o sucesso de uma vida plena e realizada é medido em coisas materiais, quanto mais se tem, melhor é. O problema é que quando acolhemos esta crença, nos limitamos a sermos definidos pela quantidade das coisas que possuímos, e não pela qualidade dos valores que carregamos dentro de nós. Para chegarmos a compreender o verdadeiro valor da vida, é necessário um processo de amadurecimento, que só pode ser desenvolvido através do autoconhecimento. Isso exige um trabalho consciente de saber qual a essência por trás de cada coisa, principalmente, por trás de cada um como indivíduo. Dessa forma, quando o discernimento precede as escolhas, nos tornamos capazes de separar o essencial do supérfluo, e assim conseguimos fazer o descarte necessário.
Olhando o Minimalismo por essa acepção, percebemos que as ideias base desse movimento deitam as suas raízes em princípios filosófico-humanistas, e que alcançam níveis muito mais profundos do que a simples organização de objetos. Afinal de contas, de que adianta ter uma casa limpa e com poucas coisas, se a alma estiver desordenada e cheia de entulhos? É preciso entender que somos um reflexo das ideias que carregamos dentro de nós. Geralmente, a ordem (ou desordem) de nossas casas e ambientes, mostra muito do que está acontecendo dentro de nós.
Para alguns filósofos clássicos, a Humanidade caminha dentro de um processo de evolução, e parte dessa caminhada está relacionada a tomada de consciência sobre qual é o nosso papel no Universo.E isto tem a ver com os valores e as virtudes que conquistamos, e não com a que possuímos no plano material. Ou seja, o quanto conseguimos compreender, e viver, a Justiça, a Generosidade, a Bondade, etc, nos aproximamos mais e mais da nossa essência Humana, e é isto o que nos leva à Sabedoria e à Felicidade. Claro que, na prática, nós crescemos através das respostas necessárias que damos à vida, diante das adversidades. Ser e Ter são dois lados que precisamos escolher a todo o momento. Dificilmente uma pessoa bondosa padecerá da angústia de ter que ir ao shopping para comprar algo para se sentir melhor, ou terá que renovar todos os móveis de sua casa sempre que uma nova moda surgir. Pois, ainda que todas as suas posses deixem de existir, ela saberá que a chave de uma vida harmônica estará ligada a busca pelo Ser e não pelo Ter.
Seria também quase impossível fazer escolhas inteligentes se não se sabe diferenciar o essencial do supérfluo, e tudo isso exige uma volta para o que há de mais importante no ser humano – o autoconhecimento de saber quem ele é. Nesse contexto, cabe a reflexão de uma variável importante, a nossa relação externa depende exclusivamente da relação interna que temos com os nossos pensamentos, sentimento e emoções. Assim, segundo a psicologia, se há equilíbrio e harmonia interna com todos os elementos, naturalmente as nossas relações com as pessoas e os objetos terão seu justo lugar.